domingo, 12 de abril de 2009

A vida e o GPS


Depois de uma deliciosa viagem e da descoberta sobre as maravilhas que um GPS (sistema de posicionamento global) pode nos proporcionar, fiquei pensando como seria nossa vida, se ela fosse guiada por um.

É notório que as constantes “bifurcações” em nossos caminhos são inevitáveis. Muitas vezes não sabemos para onde devemos ir, que decisão tomar e, se em cada bifurcação dessas, tivéssemos um GPS para dizer: “mantenha-se à direita” ou “mantenha-se à esquerda” para que chegássemos ao destino certo, até que não seria nada mal. Pensando bem, acho que não seria nada bom...

O que dá sabor à vida, talvez seja a grande oportunidade de refazer nossos caminhos, quando escolhemos algum que nos levou a um destino inesperado. Somos regentes e não passivos instrumentos nessa passagem pela vida, e a melodia que toca, afinada ou não, é uma composição nossa. Resultado dos erros e acertos que já tivemos, das inúmeras escolhas que fazemos diariamente. E não dá para delegar isto a ninguém.

Conversando com uma amiga, que vive um desses angustiantes momentos em que se faz necessário tomar uma decisão, escolher um caminho, senti a tentação de me transformar em um GPS para que pudesse ajudá-la. Mas não somos e não temos um implantado em nosso “vidro dianteiro”. Nossa intuição muitas vezes é nosso maior guia, mas não tenho dúvida de que quem comanda o que vamos encontrar em cada estrada (quando permitimos, claro) é Deus.

E quantas escolhas boas nos foram permitidas fazer? Já pensaram se tivéssemos um GPS e os parâmetros de positivo e negativo fossem questionáveis? Não consigo imaginar se meu GPS me tivesse feito escolher outro marido, por exemplo. E o tempo profissional que me permiti? E a opção em ter filhos? Enfim, a música que toca, é a que compus. E agora, que escolhi ter uma família, somos vários regentes em harmonia. Cada um terá seu espaço e tocará sua música, fará suas escolhas, definirá seus caminhos, mas temos uma partitura que construímos juntos e que servirá de guia para errar e acertar nas novas composições.

É... Talvez fosse cômodo ter “alguém” para escolher qual a melhor opção em nossas vidas, só que a música produzida poderia ser um barulhento heavy metal enquanto nossos ouvidos quisessem uma doce Bossa Nova. Alguém quer arriscar?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mas o que está congestionado?

Não é raro nos depararmos com aquele sentimento de total desperdício de tempo.

Passamos por situações em que poderíamos gastá-lo com algo melhor e não temos alternativa.

Seja na sala de espera de um consultório, seja na fila de um banco, na secretaria de uma escola ou no trânsito. E é no trânsito que o “bicho pega”. Você não vê ninguém esbravejando em um consultório ou em uma fila. O máximo que ouvimos é um pequeno e discreto comentário relacionado à demora. Mas nas ruas...

Quando vejo que vou encarar um congestionamento, sinto-me forçosamente convocada para uma reunião de estressados. É gente gesticulando, buzinas incessantes gritando deliberadamente: “saí daí!”.

É muito interessante a que ponto chega a “inocência” humana. Acho que as pessoas recorrem à infância quando se deparam com um congestionamento. Quando crianças, acreditamos que as lágrimas podem convencer os adultos a ceder algo negado. Já os adultos, fazem da buzina uma “arma” na tentativa de que os outros parem de negar o seu direito de seguir em frente.

Mas ela não vai tirar nem um carro do caminho de quem está com pressa, mas mesmo assim, lá está ela: mais buzina!

Não é só o trânsito que está congestionado. As emoções também estão e, é por isso, que voltamos exaustos para casa.

Não adianta procurar culpados. É uma questão de opção. Ou me contamino com a loucura do lado de fora do meu carro, ou faço dele meu refúgio, meu mundinho mágico onde posso ficar comigo mesma, com minhas músicas e a com a minha paz. Mesmo que eu saiba que poderia fazer algo melhor do que estar ali. Tudo na vida tem um lado bom. Basta procurarmos.

Planejo-me para sempre chegar com antecedência em meus compromissos, mas se algo saiu errado, minha boa educação me ensina a dar satisfação, desculpar-me com quem me espera e torcer para que não tenha “quebrado nenhum ovo”.

Se moro em um lugar onde a vida se resume a congestionamentos, infelizmente é o preço que pago por minhas escolhas ou pelo crescimento desordenado. Só não vale ficar murmurando, pois isso faz mal ao coração e à cabeça.

Nos últimos anos vivi em um “conto de fadas” com flexibilidade de horários e deslocamentos. Esta semana voltei ao “mundo real”, do chamado horário comercial e descobri que dez minutos a mais de sono, podem custar sessenta minutos no trânsito. Quase me contaminei, mas fui salva pelo bom senso e pela escolha de viver uma vida menos complicada.
Sobrevivi!