segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Quadradinhos


Fui “presenteada” com oito folhas coloridas de papel colorset e a seguinte tarefa: cortar quadradinhos de aproximadamente um centímetro cada, ou seja, um verdadeiro “presente de grego”, isso sim!

Achei tão absurda a tarefa que liguei para uma amiga para me certificar que havia entendido corretamente o dever de casa enviado aos pais. Fiquei bem desapontada quando ela me confirmou e ainda acrescentou o seu sentimento de solidariedade, pois ela já havia terminado os quadradinhos dela com um saldo nada positivo de efeitos colaterais (bolhas nos dedos).

Então, lá fui eu executar minha tarefa.

Peguei a primeira folha e pensei: quantos quadradinhos seriam possíveis obter. Seiscentos! Risquei a folha que ficou fofa, parecendo mesmo um papel quadriculado e comecei a cortar. Verifiquei que era preciso nova estratégia, pois daquela forma passaria horas da minha tarde e noite de domingo para conseguir os dois mil e quatrocentos quadradinhos totais.

A segunda folha foi unida à primeira que estava devidamente riscada com a medida solicitada. Ainda não estava rendendo e passei a riscar somente as linhas horizontais de um centímetro. Juntava duas ou três tiras e pronto, lá iam caindo os felizes papeizinhos pela mesa.

A paciência começou a dar sinais de cansaço e as duas ou três tirinhas passaram a ser seis ou sete. Papel mais grosso, a mão começou também a reclamar.

A terceira folha uniu-se a quarta, que foram transformadas em tirinhas e pequenos bolinhos de papel eram transformados em quadradinhos.

Da quarta folha em diante, as tirinhas já não eram tão regulares, os bolinhos já nem contava, a mão já tinha bolhas e os quadradinhos já não eram tão quadradinhos assim.

Foi quando comecei a achar uma certa graça interna com a minha impaciência.

Tenho traços de perfeccionista, mas estou longe de ser e querer quadradinhos de um centímetro. Era demais para mim. Ver, ao final do trabalho, que meu quadradinhos não eram bem o que eu planejei no início, deixaram-me um pouco aliviada comigo mesma.

Será que ando me cobrando menos? Será ando deixando um espaço para os erros?

Achei esta avaliação muito promissora a respeito de mim mesma.

Minhas galinhas da angola e minhas vaquinhas voltaram a cobrar minha presença na varanda e isto representa um sinal de que voltei a correr, porém, mesmo correndo, estou dando conta de me permitir muitas coisas.

Claro que os trabalhos enfadonhos nunca me levaram a lugar algum, sou agitada demais para eles, mas eu sabia que meus quadradinhos seriam para confecção de um mosaico.

Brinquei com um bocado de papéis aqui e ali, imaginado o que poderia formar, mas, nem mesmo esta motivação, foi suficientemente forte para eu exigir de mim a perfeição no corte.

Enfim, acho que serão mosaicos lindos, cada um tinha um pedacinho dos meus pensamentos, da minha dor, da minha raiva, da minha impaciência, do meu autoperdão, da minha diversão, da minha intenção... deve gerar peças bem malucas!

Eu não sei cuidar de flores


Desde a juventude é normal que as mulheres sejam presenteadas com flores.

Comigo não foi diferente. Já ganhei inúmeras, até descobrir que uma margarida tem o mesmo valor que uma cesta repleta de flores raras.

Mas toda vez é a mesma história. Ganho flores, enfeito a casa com elas, sinto-me feliz e logo em seguida, a decepção: não sei cuidar!

Elas morrem por vários motivos: excesso de água, falta de água, excesso de sol, falta de sol, terra desnutrida, queda, enfim, qualquer coisa é motivo para que, não intencionalmente, eu assassine as pobrezinhas.

No meu último aniversário, umas amigas me deram uma orquídea maravilhosa e resolvi encarar o desafio: esta não vai morrer. Comecei tudo errado, molhava a coitada todos os dias e uma vizinha me advertiu sobre esta falha. Elas precisam de umidade e não de “molhança”.

Okay, você venceu, florzinha! Vou estudar sobre você.

Nesse meio tempo, matei os lírios que uma amiga trouxe carinhosamente em dia que veio almoçar com a família. Fiquei arrasada com a perda, mas segui em frente.

A internet é uma forte aliada quando precisamos saber algo sobre alguém, e este alguém é a Belinha (nome que dei para minha orquídea). Li sites e mais sites. Fiquei ainda mais confusa, mas selecionei informações que considerei úteis para a sobrevivência da Belinha.

Acho que estou cuidando direitinho dela, pois desde maio ela sobrevive. Virou uma companhia. Converso, elogio, cuido. É quase uma flor-filha.

Meu lado prático diz: nada de animais, nada de plantas. Eles representam mais uma atividade no meu dia-a-dia. A minha lista de tarefas já é tão extensa...

Os animais, ainda continuo irredutível, embora meu coração balance por um cãozinho. Mas as flores... são tão frágeis, dependentes e, ao mesmo tempo, exigem tão pouco (se comparada a tudo que faço o dia inteiro). Achei-me preguiçosa ao me defender com sua ausência.

Casa com flores fica ainda mais alegre porque (é óbvio) elas têm vida.

Vou a passos tímidos, visitando floriculturas, trazendo plantas novas, escolhendo exemplares “diferentes” e pensando qual deve ocupar qual local da casa.

Mais um serviço? Talvez mais uma diversão que não havia me permitido por ter uma vida tão corrida.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Revendo Fotos


Este ano, completo dezenove anos de formada, (por favor, não façam as contas) e como me dispus a ajudar na organização do evento, comecei a revirar umas fotos, em busca daquelas raridades que colecionamos ao longo do tempo.

Uma atividade que deveria durar poucas horas, pois, as fotos da turma foram rapidamente localizadas, se estendeu por vários dias.

Peguei todos (todos) os álbuns de fotos da família. Tem álbum espalhado por toda parte no meu quarto.

Fui lá na minha infância e quando assustei, já estava na sala de parto para receber meus maiores tesouros.

Resolvi organizar o que estava bagunçado. Depois da era digital, só as pastinhas virtuais têm alguma lógica. O que foi sendo revelado, foi ficando em uma caixa, sem identificação de data nem de local. Deu (ainda está dando) uma trabalheira tremenda, mas está valendo a pena rever tantas pérolas.

Ver fotos sempre me traz boas recordações. Traz saudade também. Saudade daqueles que descobrimos que vemos tão pouco ou daqueles que sabemos não mais poderemos ver.

Lágrimas e risos se misturaram nessa viagem no tempo. Mas não eram lágrimas de tristeza. Elas escorriam alegres pelo meu rosto. Senti saudade de mim, das minhas peraltices.

Um dia era eu que brincava no Parque, que hoje levo meus filhos para brincar.

Um dia era eu no clube, com o biquíni no pescoço, porque não tinha nenhuma “carne” para mantê-lo no peito. Hoje é a minha pequena que se vê desajeitada com suas peças.

As farras no colégio, as férias no interior, reveillon e carnaval na praia, as festinhas na casa dos primos. Lembranças gostosas de cada viagem.

E as fotos de casamento? Aquelas que não vão para o álbum, mas que registram cada flagrante hilário. As roupas, meu cabelo, meu vestido (que até hoje acho lindo).

Tantas fotos... tudo com sabor de saudade boa.

Sei que tem saudade que dói, mas a que senti vendo as fotos, era de profunda alegria.

Até minha mãe já foi criança, isso não é incrível? Eu achei! E meus filhos acharam esta constatação mais incrível ainda.

Eles também se divertiram com as fotos. Queriam saber o que comiam, como falavam, como se comportavam, enfim, um pequeno resgate deles mesmos. Duro foi ouvir comentários do tipo: “mamãe, você era novinha aqui, hein?” ou “você ainda é linda, mesmo velhinha”... e assim têm sido nossos dias curtição das lembranças passadas.

Fotos contam histórias e temos muitas histórias para contar. Talvez, as crianças não tenham compreendido, na essência, o sentido da palavra saudade, mas compreenderam porque nos empenhamos tanto em viver cada momento precioso ao lado deles, ao lado uns dos outros.

Agora eles querem registrar tudo Eles com a máquina e nós com o coração!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Língua


Existem certas “coisas” que se enquadram na categoria de alimentos, mas que não se enquadram em nada na minha vida.

Por aqui tenho estômagos variados. Uns gostam de tudo e outros de nada, ou quase nada. O meu estômago poderia ser definido como enjoado.

Aparência é algo definitivo na minha alimentação. Se tem cara boa, penso que deve ser uma delícia, se tem cara ruim... Porém, mesmo com meu pré-julgamento, sou capaz de experimentar para confirmar ou refutar a aparência.

Me esforço em agradar o estômago de todos, e resolvi me aventurar a fazer uma língua de boi que pai e filho, insistiam em pedir.

Acreditem, isso é de comer!

Fui ao supermercado e escolhi uma encolhidinha numa embalagem hermeticamente fechada (exagero puro). Trouxe-a para casa.

Primeiro passo: ligar para mamãe. Segundo passo: Ouvir atentamente às suas instruções. Terceiro passo: Mãos à obra!

Mãos? Não! Luvas. Era impossível encostar as mãos “naquilo”. Tinha que escová-la. Isso mesmo, escovar a língua. Igualzinho fazemos com a nossa. Na minha opinião deveria ser usado sabão, mas a sensatez da minha mãe descartou a idéia.

Esfreguei, esfreguei, esfreguei, torcendo para meu estômago não revirar. Joguei a escova novinha no lixo (que desperdício).

Coloquei a digníssima na panela de pressão e, enquanto ela cozinhava, tentava desviar meus pensamentos sobre o dono daquele órgão. Fui à Fazenda Canaã. Viajei pelas Minas Gerais, tentando criar um elo de simpatia para quebrar aquele “clima” de repugnância.

Uma hora e meia mais tarde, veio o momento mais difícil. Tirar a “pele”. Pele? Meu Deus, é um couro! Não gosto nem de lembrar. Ainda de luvas, tirei tudo e continuava sem compreender como alguém é capaz de digerir “aquilo”.

Terminei a labuta, ou melhor, achei que tinha terminado, quando os olhos atentos de um admirador de línguas me repreendeu: _ Oops, tem muita coisa aí ainda para sair...

Lavei as luvas, lavei as mãos, joguei a toalha. Ele segurou as rédeas desse boi inerte e acabou a tarefa. Me entregou fatiada.

Preparei, servi e observei. Os homens da casa, comiam com uma típica “boca boa”. Já nós, as mulheres...

Me aventurei a provar. Mas não tem jeito. É horrível!

Iguaria? Sei lá! Essa ameaçadora língua, que demorou quatorze anos para entrar na minha cozinha, terá que esperar outros quatorze para voltar. Será?

Mas pensando bem, vamos ver o lado positivo da coisa, já pensaram se ao invés de língua eles tivessem pedido dobradinha (vulgo bucho de boi)?

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ninho Vazio


Eu tenho o privilégio de possuir um observatório natural em casa, capaz de me fazer refletir sobre vários momentos da vida.

E, em um desses momentos de observação, que acontecia enquanto as crianças brincavam alegremente pela casa, fui tomada por um pânico de silêncio. Foi como se eu tivesse saído daquele “plano” e fosse levada para outro totalmente desconhecido.

Talvez influenciada por um amigo, que me contava que a filha moraria um ano no Canadá, eu me senti dividida com a possibilidade absolutamente real disso acontecer. O silêncio era fruto de uma visão da saída dos meus filhos de casa.

O tão falado “ninho vazio” é inevitável e absolutamente saudável na vida de uma família. Mas comecei a me questionar sobre o que, efetivamente, estou fazendo para quando este momento chegar.

A ciranda do dia-a-dia deixa sobrar pouco tempo para este tipo de preocupação. Estamos tão felizes hoje, que parece que, pensar nessas coisas, é pura tolice.Vamos tocando o barco, seguindo a maré e podemos acordar em meio a um oceano de solidão acompanhada. E aí, a única coisa que pode acontecer é naufragar! O número de casais que se separam nessa fase de “ninho vazio” é grande. Por que isso tem acontecido?

Nos diversos grupos de casais que participei, sempre ouvi falar sobre a necessidade de investir tempo no relacionamento, e penso que, de fato, tenho investido sim. Curto fazer surpresas, organizar viagens a dois, assistir filme juntinhos, preparar o prato predileto. E pergunto-me: quanto? Como? Será que serão suficientes para que o silêncio deixado pelos filhos não ensurdeça um relacionamento de anos?

A “inclusão social” dos filhos em tudo que fazemos é simplesmente deliciosa e na maioria das vezes, prioritária, mas os programas a dois são tão importantes quanto. É preciso saber dosar, reaprender a viver a dois.

Uma vez li um texto que dizia que temos que nos casar com alguém com o qual gostamos de conversar. Concordo, mas acrescento a esta receita uma infinidade de “pitadas” de temperos úteis e indispensáveis para uma união feliz, principalmente após a saída dos filhos. Cada um que repense a receita mais apropriada ao seu tipo de vida e de relacionamento. Eu, começo hoje uma nova dieta, na qual a única coisa que quero perder, são as possíveis brechas da distância, para evitar que elas preencham o vazio deixado pelos filhos.

Sei que quero um “ninho vazio” bem aconchegante e paradoxalmente, bem cheio de todo amor que transbordou em mim no dia em que entrei naquela igreja e disse que poderia amar e respeitar alguém tão especialmente escolhido, todos os dias da minha vida. Que essa “fala” seja livre como é meu espírito, leve como são meus pensamentos e forte como são meus sentimentos.

Não consigo cogitar da idéia de me ver “condenada” a viver com alguém. Não quero como sentença, um fim de vida infeliz. Portanto é a hora (sempre é hora) de investir em nossos relacionamentos, lembrando que, em muitos momentos, a criatividade terá que superar as finanças.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Quando a escassez chama-se abundância


Quando a escassez chama-se abundância

Tenho conhecido várias comunidades carentes ao longo deste ano, ao prestar serviços para uma ONG.

As experiências têm sido enriquecedoras. Especificamente, nos últimos meses, quando venho realizando diagnósticos sócio-econômicos delas, aprendi um novo conceito: escassez é abundância.

Nós, “do mundo de cá” preocupamos em sobreviver, claro. Mas nossas preocupações passam, por exemplo, pelo valor que pagamos nas mensalidades da escola de nossos filhos. Eles, “do lado de lá” se preocupam com o valor do transporte para conseguir chegar à escola pública.

Saber que diferenças existem, é real, mas conhecê-las de perto é muito “impactante”.

Ter um saco de arroz e poder dividi-lo com um vizinho que só teve tempo de salvar o filho de 7 meses, antes que a enchente levasse tudo de sua casa, é sentir-se em situação de abundância.

“Eu não tenho muito, mas o que tenho dá para dividir...” São falas assim, comuns em comunidades carentes, que nos levam a refletir sobre nossos valores.

Eu alguns lugares fui recebida em terreno baldio, pois não havia uma casa que comportasse um grupo de oito pessoas. Em outros, nos espremíamos, para que ninguém ficasse de fora. Em alguns, até serviam café. Crianças faziam desenhos para dar de presente. Eles sabem dividir sua escassez!

“Saiba onde está seu tesouro e lá estará seu coração”. E quais são, hoje em dia, os meus tesouros? Será que podemos considerar a nossa “escassez” como verdadeira abundância?

Sou otimista por natureza e grata a Deus de todo meu coração. Considero-me abençoada, protegida e em condição de abundância, mas sempre colocamos uma vírgula no caminho para uma míope escassez.

Se temos carinho demais, pensamos que talvez seja pouco, se temos dinheiro suficiente (veja bem, não disse demais, disse suficiente), achamos que é pouco. Armários e sapateiras cheios, é pouco. Despensa farta, poderia ter mais e assim, citar uma infinidade de exemplos de “escassez”.

Senti vergonha ao achar que minha “modesta" abundância engana meus olhos e meu coração.

Muitos pensam que moradores de comunidades, carentes vivem lá porque não têm ambição, são acomodados, falta-lhes garra ou vontade de vencer. Mas o que vi por lá, é bem diferente. Trabalham muito, arrumam tempo para estudar, defender seus direitos, buscar melhorias. Doam-se. Vivem, ou melhor, sobrevivem à tantas injustiças.

Para eles, diferente de nós do “mundo de cá”, sobreviver já é uma grande vitória. É abundância de vida!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

De dentro de uma bolha de sabão...


Em plena quarta-feira pela manhã, brincava com as crianças de bolha de sabão e me diverti ao vê-las tão encantadas, descobrindo formas malucas, descobrindo o arco-íris, gritando de alegria quando surgia uma bem grandona que estourava ao tocar o chão.

Sugeri que cada um imaginasse que estava dentro da bolha e viajasse para algum lugar. Depois me contassem como achavam que seria esta viagem. Enquanto um chegou a lua a outra queria se aventurar na Disney, cada um com seus sonhos, suas viagens imaginárias de aventuras. Verdadeiros super-heróis.

Quando fui me deitar, fiz a brincadeira comigo mesma. Onde gostaria de chegar? O que gostaria de ver? O que sentiria dentro da bolha de sabão, a minha bolha de sabão...

E ela voou para um tempo tão gostoso! Tempo em que eu acordava às cinco da madrugada e ía para a praia de Copacabana com meu pai, lá no finalzinho do Posto 6, acompanhar o arrastão... sempre ganhava minúsculos peixinhos que ficavam comigo no baldinho que eu havia levado para brincar nas areias do Posto 4. Não entendia porque nunca conseguia voltar para casa da minha tia com os peixinhos...

O Rio de Janeiro “sempre foi lindo” para mim. Na infância, na juventude, na vida adulta e penso que na maturidade ainda o será. E o encanto que sentia ao ver redes tão fartas, causava também compaixão para com aqueles pobres peixes que o arrastão tirava do mar. Eu não compreendia que era aquilo que trazia sustento aos pescadores.

Vejo que o arrastão da vida nos tira o tempo para que possamos trazer sustento às nossas famílias também.

Ahh o tempo... olha ele aí outra vez!

Não consigo imaginar uma vida diferente da que tenho. Para muita gente foi uma verdadeira loucura abrir mão do meu trabalho, da minha carreira para dedicar-me à minha família. Por momentos, senti-me incompetente, pois a maioria das mulheres continuava suas vidas profissionais e eram mães, esposas, enfim, fazendo mil e uma coisas de uma só vez. Eu não poderia ser assim. Eu não daria conta de ser assim, tão multi, ultra, completa. Lidei com minha incompetência de forma prazerosa. Tem dias que um "pó do pirlimpimpim" cai bem, afinal não sou de ferro. Mas, são nos dias em que entro na minha bolha de sabão e viajo para minha infância, é que me lembro que tive pais levados pelo arrastão de compromissos. Eles sempre se esforçaram em promover momentos felizes, como os vividos nas areias de Copacabana, mas eram raros... mas nos fizeram "virar gente".

Dou meus pulos profissionais aqui e ali, para tentar ajudar nas finanças, pois o nosso desejo em “ter” tenta muitas vezes sufocar as maravilhas do “ser”. Mas “ter” faz parte da vida e desde que não prejudique ou desvirtue meu foco, ele é saudável e tangível. E sei que, em breve, poderei retornar para uma vida agitada. Mas não agora, não amanhã. Vai chegar o dia.

E, lá minha bolha, que passava pela minha infância, eu vi o quanto sou feliz. Sou uma privilegiada. Não são todas as pessoas que podem (outras não querem) levar esta vida. Sei que Deus realmente cuida de detalhes que podem ser importantes para nós. Não poderia ser diferente do que sou. Não poderia ter feito escolhas diferentes das que fiz. Hoje, eu gostaria de chegar justamente onde estou.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Divertindo com os cheiros...


Quem não gosta de um cheiro bom? Nunca estudei sobre o assunto, mas os cheiros, ao menos para mim, exercem uma atratividade muito interessante. Seja o cheiro que for: de flor, de comida, de perfume, de limpeza, enfim, cheiros bons não faltam.

O cheiro seduz. E como! Seduz o estômago, o coração e outras coisas mais... E não há nada melhor que usá-lo intencionalmente, brincar com o apetite alheio, reviver boas lembranças e criar lembranças futuras. Deixar um rastro de imaginação.

Mesmo alérgica, sempre gostei de suaves perfumes. Mas na gravidez, este prazer virou aversão. Qualquer cheiro bom se tornou insuportável. Não se tratava de enjoo, mas eu me sentia como um cachorro de caça que sente de longe o cheiro da presa, e no meu caso, eu não queria atacar a vítima perfumada, eu queria era distância dela.

A gravidez passou, o bebê nasceu e nada de perfumes! Não sabia como me livrar daquele faro de cachorro que tanto me perseguia. Descobri os cremes, ou melhor, a tolerância pelo cheiro dos mesmos. Foi uma boa saída. Ganhei um bem gostoso de uma amiga, porém maldosamente importado, não encontrava aqui para comprar. Entrei em desespero ao observar que seu volume só diminuía a cada dia. Encomendei a um amigo viajado que trouxesse outro i.g.u.a.l.z.i.n.h.o. Ele trouxe, errado, porém infinitamente mais gostoso que o outro. E assim, fui descobrindo novos cheiros, me divertindo com as experiências de agradar-me em primeiro lugar.

Enquanto escrevia lembrava do cheiro de maçã com canela de Gramado, chocolate quente de Lavras Novas, o perfume da pessoa amada, bacon na panela, álcool de lavanda, bebê limpinho, sabonete de ervas. Tem alguns cheiros, quase odores que ao invés de repelir, trazem boas lembranças: maresia com mangue e poluição na chegada do RJ, copo de plástico guardado no armário da minha avó e cuidadosamente banhados com água fervente, a morrinha do travesseiro do filho, o cheiro do cachorro molhado que tive por pouco tempo...

Hoje meu cheiro reflete meu humor, ou meu estado de espírito. Se mais vibrante uso um, se mais introspectiva uso outro (xiii este vai vencer no pote...), se mais apaixonada outro. E isso não é divertido?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pisando na Bola


Faz algum tempo que escrevi sobre ovos pisados, verdadeiras omeletes na vida das pessoas. Com esses, lido perfeitamente bem e sem culpa.

Mas quero digerir sobre as tão faladas “pisadas na bola”.

Termo trazido do esporte e tão bem apropriado para definir nossos chutes errados pelos campos do dia a dia.

Uma coisa é fato: as palavras, depois que deixam nossa boca, não voltam mais. E tentar remediar o irremediável, torna-se tarefa árdua, requer paciência, perseverança e principalmente, tempo.
Magoar alguém que amamos, deveria ser totalmente evitável, mas infelizmente o fazemos sem perceber. Ferimos gravemente o outro e nos sentimos feridos por causar tamanho estrago.

Torna-se mais fácil obter o perdão do ferido, do que exercitar o autoperdão. Passamos dias relembrando as infelizes palavras ou comentários externados. O gramado está à nossa frente. E a bola amassada não sai do lugar.

O coração fica apertado, culpado e triste. Como se um pedacinho dele tivesse sido arrancado e agora não mais resgatado. Foi embora...

O velho ditado diz que errar é humano... mas quem está preparado para errar com aqueles pelos quais se nutri sentimentos amorosos? Achamos que conhecemos tão bem o outro, que não passa em nossa cabeça que somos capazes de errar, mas vem um deslize, erramos e apenas nos resta tentar consertar. Sem juiz ou torcedor, recolhemos a bola, a levamos ao meio do campo com a intenção de recomeçar um novo jogo com a atenção redobrada, para não estragar tudo novamente...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Curtindo uma Virose


Depois de “derramar-me” inúmeras vezes e descobrir que o que eu tinha, era aquela típica classificação dada pelos médicos que nunca sabem o que temos, passei a mão na minha virose, como quem pega uma bolsa que estava jogada em cima da mesa, e fui pra minha cama outra vez. Achei mais prudente ficar em casa, evitando assim, maiores incidentes.

Com o corpo mole e uma preguiça atípica para meus agitados finais de semana, resolvi não querer tentar ser forte. Até tomei meu banho para me arrumar para ir à igreja, mas o ritual limitou-se ao banho. Vesti uma roupa bem confortável, arrumei as crianças, que seguiram alegres e livres de virose, para encontrar com seus coleguinhas da escola dominical.

Eu fiquei!

Com inúmeras coisas a fazer, optei por não fazer nada! Dei-me de presente a “curtição” da virose. O sol de inverno estava convidativo. Peguei um livro que estou relendo e subi para meu cantinho de leitura. Fiquei deitada na rede com as pernas banhadas pelo sol.

Li, parei de ler, observei o céu azul, balancei na rede, cochilei deliciosamente aquecida. Não resisti e desci as escadas correndo em busca do meu caderninho de rabiscos, para começar a escrever.

Voltei para rede. Vi-me sozinha, porém acompanhada dos adornos que raramente enxergo. Fui brindada pelo vento que fazia ecoar o leve bater dos sinos. Nuvens instigando a imaginação. Minhas vaquinhas e galinhas da angola, que ficam dependuradas no telhado da varanda, pareciam se alegrar com minha calma presença.

Tudo em seu devido lugar. Uma paz que só é possível experimentar quando esquecemos das cobranças do tempo. Hoje ele não me exigia nada. Ele era só meu!

Poderia praguejar tão chata virose, que revira meu estômago e intestinos, mas seria injusta, em não reconhecer seu despretensioso poder “ABS” de me fazer parar de forma segura e curtir este meu cantinho que usufrui tão pouco de mim.

Não preciso de mais viroses para diminuir o meu ritmo. Só preciso ficar atenta para voltar a presentear-me com momentos de individualidade que, muitas vezes, me recuso a aceitá-los, por querer sempre incluir os que amo em tudo que faço.

O soninho preguiçoso está batendo em minha rede outra vez. Desculpem-me, vou render-me a ele novamente... bons sonhos para mim...zzzzzz

sábado, 20 de junho de 2009

Eu e os livros


Não é segredo para ninguém que a minha terceira paixão são os livros. Amo-os de todo coração, o que pode ser incompreensível para muita gente. A minha a relação com aqueles aglomerados de papel cheios de vida, vai além do convencional. Preciso tocá-los, senti-los, precisam ser meus. Algo bem possessivo, e mesmo com toda minha inclinação para o novo e para o avanço tecnológico, o famoso e-book, bem como o audiobook ainda não conseguiram me seduzir.

Gosto de vários estilos, vários autores, mas há três anos ganhei de uma amiga querida, um livro “viajante”. Ela me propôs uma espécie de “clube de leitura” para discutirmos o tal livro. A autora é de uma criatividade incrível e uma capacidade de materializar o impossível que me faz encantada pela estória (que parece não ter fim). Graças a estes livros, minha obsessão em viajar ganhou novo objetivo: a Escócia!

Não dominar a língua inglesa configurou-se agora em um enorme problema em minha vida. Estes amados livros são lançados em português, uma vez ao ano, ou seja, quando acabo um volume, preciso esperar mais um ano para conseguir ter o próximo. Tudo bem que cada volume tem em média 800 páginas, mas elas esvaem-se em poucos dias e fico impotente diante disso.

Este ano, li os primeiros capítulos, como um esfomeado devora uma mesa farta. Mas quando percebi que, naquele ritmo, eu terminaria o livro rapidamente, comecei a economizá-lo. Parece papo de gente doida, mas acreditem, não sou tão doida assim. Ficava três ou quatro dias sem ler, na esperança de adiar mais um pouco a despedida.

Só que não teve jeito... chegou um momento em que eu precisava saber o que aconteceria e lá estava eu nas páginas finais.

O mais divertido é que no tempo de “abstinência” eu discutia comigo mesma sobre as possibilidades da continuidade do livro. Normalmente a autora faz tudo fora do previsível, o que nos deixa com um “gostinho de quero mais” bem aguçado.

O quarto (dos sete volumes) acabou, e fiquei com uma sensação de perda. Vivo uma espécie de luto. Vou digerindo esta quase tristeza na esperança de uma ressurreição, que pode vir através de um outro livro qualquer. Mas preciso de ao menos uma semana para começar nova viagem.

Livro bom é assim, não gosto de despedir-me dele. Como sei que encontrarei outro, passo os dedos pela estante dos que ainda não li e troco olhares com cada um deles, na busca de novos personagens, novos lugares, novo encanto. Ao encontrá-lo, torna-se inevitável embarcar nos momentos de alegria das pequenas folgas diárias, mesmo sabendo que novo luto virá, nova busca, novo encontro, nova alegria... enquanto existirem bons autores, este ciclo não terá fim (ao menos para mim).

Ah! Para quem quiser algo “viajante” para se distrair, indico os livros da Diana Gabaldon.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Abrindo o coração...

Como vivo um momento de intensa paixão e reflexão sobre todas as coisas que estão acontecendo em minha vida, penso que a passagem do Dia dos Namorados me fez pensar um pouco mais atentamente sobre o amor. Principalmente porque neste ano foi um dia comemorado de forma bem diferente, pois foi regado a luz de velas, um jantar nada convencional com bastante peixe cru, um casal de namorados e... duas crianças! Divertidíssimo.

Que atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou, gostou, ou, apenas flertou inúmeras vezes na vida. Quem já não teve muitas certezas e dúvidas também (normalmente as últimas se sobressaem).

Meu "currículo" amoroso é bem sucinto e predominantemente recoberto por defesas “inconscientes” no sentido de ter vários, porém curtos envolvimentos, evitando a provável prisão ou posse.

Meu primeiro “namorado” foi aos oito anos de idade e ele era do meu tamanho (vale observar que sempre fui a menor da sala e encontrar alguém que me olhava “de igual para igual” era mesmo apaixonante). Este namoro durou o tempo que ele permaneceu na escola, nem me lembro mais, e a única coisa que tínhamos como namorados era o “título”.

Aos onze anos a paixão arrebatadora era novamente por um coleguinha de sala, também pequenino, como eu, porém muito compenetrado, certinho e pouco criança. Isso me incomodava bastante e eu dava muitos “tumés” em prol de um bom banho de piscina na casa de uma amiga que morava em frente a escola. O namoro era muito inocente e não passava de jogos de ping-pong no recreio, divisão do lanche e andar de mãos dadas. Eu queria mesmo era estar com minhas amigas e brincar (naquele tempo, ter onze anos ainda era ser uma criança).

O tempo foi passando e um namorico aqui outro ali sem nenhum compromisso, sem contar para a mãe e muito menos levar em casa. Meu pai era uma FEEERA e eu jamais me arriscaria a passar vergonha com sua cara de “poucos amigos”. Definitivamente não queria ninguém na minha cola, me controlando (já tinha um pai controlador demais para aceitar outro “sujeito” mandando em mim) e meus namoros se resumiam a três ou quatro meses no máximo! Sabia que uma hora teria que sossegar e começar a captura por um príncipe encantado (qual menina não sonhou com um?). Aos vinte, levar uma vida de maluquinha (embora, sempre muito ajuizada) começava a já não ser tão interessante assim. Minhas amigas “namoravam sério” e eu sobrava como aquele terrível jiló reapresentado no jantar. Perambulei com meu coração por muitos lugares e cidades, até que encontrei um experiente pescador, que atirou a isca e fisgou o peixe... Lá estava eu enroscada nas redes do amor. Logo eu... No início parecia uma “canoa furada”, mas com o tempo, percebi que estava em uma rara e luxuosa embarcação, um verdadeiro porto seguro.

Ele era (é) tudo que eu sempre quis (cada um que faça sua lista de requisitos, mas a minha era bem prática e compreendia uma busca por algo como dedicação, fidelidade, companherismo, amor sincero, enfim, um príncipe não tão fácil de se encontrar no século XX que oferece homens imediatistas, inseguros e egoístas). Apesar de sonhadora, meus pés sempre foram fincadíssimos no chão da realidade. Mas eu sabia que ele era “a vida que eu queria bordada na minha”.

Ficar com alguém com o qual irá se propor não somente a viver as delícias de estar ao lado da pessoa amada, mas também ser capaz de encarar um pote de sal para comerem juntos é uma decisão, uma escolha. Tudo bem que tenho só dezessete anos de caminhada, mas atravessar rios mansos ou mares agitados nos faz sempre aprender algo. Embora saiba que tenho muito a aprender. Aprendi que o amor é mesmo uma plantinha e precisa ser cuidada. Precisa da luz do outro, mas precisa do ar da preservação da individualidade, precisa da água da renovação e um solo rico em nutrientes de respeito, segurança e amizade. É esfomeado, precisa ser alimentado diariamente, caso contrário, morre por inanição. E ser eterno enquanto dura é uma decisão individual e ao mesmo tempo conjunta. E eu prefiro acreditar que irá durar para sempre, mesmo tendo consciência que “sempre não é todo dia”. Hoje amo-te demais, mas amanhã posso estar menos tolerante e depois de amanhã te amar loucamente outra vez. Queria que fosse incondicional, mas o fato de sermos de carne e osso nos impede de vivê-lo dessa forma (acho que só nossos filhos experimentam esta nossa forma de amar). É divertido, e se assim o direcionarmos, é realmente fantástico! Romântico? Depende dos momentos que nos propomos a criar para colori-lo (mesmo que o jantar a luz de velas venha acompanhado por duas crianças, que de certa forma, poderão aprender o quanto é importante manter vivo tudo que há de bom entre duas pessoas que se amam).

Declaração ou não, sei quem escolhi e sei o que escolhi, escolhi “te amar por toda minha vida”...

sábado, 6 de junho de 2009

Minhas Andanças


Na semana passada, troquei minhas andanças de carro por andanças com meus próprios pés. Contei com o apoio do transporte coletivo também, mas era quando eu o via partir que enchia-me de uma alegria boba em poder caminhar livremente, e foi bem interessante.

A perspectiva de quem guia um carro a caminho de casa é totalmente prática, objetiva e acontece quase que por reflexo. É sair da avenida principal do bairro, entrar à direita, seguir até o fim da rua, virar à direita novamente, mais algumas quadras e pronto! Controle remoto na mão, abre-se o portão da garagem, sai do carro rapidinho para evitar que o alarme do prédio comece a gritar aos ouvidos, fecha-se a porta de vidro e o retorno é concluído com sucesso. É tão automático que nem vemos acontecer.

A perspectiva do pedestre pode até ser prática e objetiva, mas a minha não era. Mudar de perspectiva é algo que deveria ser experimentado por todos. Não digo só quanto a estas coisas quase banais. Refiro-me à capacidade de pensar sobre como o outro se sente em determinada situação ou vê algo que você também vê, porém de forma diferente. Chamam isto de empatia. Eu chamo de condição indispensável para um bem viver.

Mas voltando às minhas andanças, conhecer as calçadas do meu bairro foi uma experiência muito bacana. Enquanto motorista, podia fechar os olhos e fazer o trajeto mentalmente, visualizando casas, edifícios, uma coisa aqui, outra ali. Mas agora, pude ver que, na casa verde tem um quadrinho com bonequinhos de mãos dadas, dependurado na porta. Pensei que ali, provavelmente, morava algum casal bem feliz. Que nas casinhas geminadas de portão branco, o jardineiro é o mesmo, pois as plantas são idênticas e caprichosamente cuidadas. Que, em frente ao edifício de lajotas azuis, é impossível caminhar, pois as árvores ainda estão baixas e elas me fazem lembrar da Praça de Ubá onde eu sempre admirava na infância aquelas árvores com suas formas e folhas cortadas por pessoas que eu pensava tratar-se de cabeleireiros de árvores (de tão certinhas que eram).

Quando chego em casa, troco o controle remoto pelo molho de chaves, utilizo um portão que raramente faz parte do meu dia-a-dia. Subo as escadas com calma, alcanço o alarme e entro tão despreocupadamente quanto estive durante a caminhada. É uma espécie de “entorpecência” causada pela mais boba alegria de poder ver o que sempre esteve à minha frente, porém, em outra perspectiva e posso garantir que, além de fazer bem para o corpo, fez muito bem para os pensamentos que puderam desacelerar comigo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Procura-se uma “Tia Torta”

Ontem recebi um carinhoso comentário no blog, a respeito dos textos que escrevo. Quem o fez intitulou-se como minha“Tia Torta”.

Revirei minha memória, abri pastas e pastas de arquivos mentais em busca da "torta parenta".

Todos nós temos um parente torto, não é mesmo? Eu, não sendo diferente de ninguém, tenho vários. Primo, prima, sobrinho, irmão, tio, tia e até filho (este chegou faz pouco tempo). Portanto, como a dica foi a de se tratar de uma tia, conectei todas as pessoas possíveis e imagináveis em minha memória, mas não encontrei minha querida Tia Torta. A esta altura, ela já é querida, claro! Como toda boa mineira, jamais deixaria de acolher os que participam da minha nova casa de devaneios.

De qualquer forma, seja muito bem vinda, Tia Torta! Eu que achava que tinha três seguidoras (Pedrita, Popó e Sônia), fico feliz em saber que tenho mais uma. Você mexeu com minha imaginação e minha curiosidade, por isso não resisti à brincadeira. Lembrei de parentes que há anos não vejo e outros, que já nem me lembrava mais, surgiram na árvore genealógica que desenhei. Todos brincaram com minhas recordações de infância. Até com os mais carrancudos me diverti...

Te espero em nosso próximo encontro virtual! Quem sabe, nem é tão virtual assim???

sábado, 23 de maio de 2009

O que se faz com a dor?


Faz algum tempo que venho me atrevendo a correr. Faço parte de um saudável grupo de pessoas que participam de corridas de rua.

Tudo começou por brincadeira e eu não levava os treinos muito a sério, até o dia que fui ao cardiologista e ele descobriu que tenho “um tal” de bloqueio cardíaco. Calma, calma.... vaso ruim não costuma quebrar fácil e meu pequeno probleminha serviu exclusivamente para me incentivar a manter uma disciplina com os treinos para corrida, afinal, o cardiologista disse que o único esporte que não posso praticar é mergulho (zen demais para um coração tão agitado). Enfim, desde então, vou correndo (literalmente). Corro na vida pessoal, corro na profissional e corro por esporte.

Já enfrentei vários muros. Cansaço, asma, subidas, calor, mas na última corrida meu principal adversário foi a dor.

Apesar de todo trabalho muscular para fortalecer esta sofrida parte do corpo, que suporta tanto impacto, há uns trinta dias que tenho sofrido dores no joelho. Teimosa como sou, não quis deixar de participar de um Circuito no último domingo.

Lá fui eu... totalmente sem juízo para mais uma deliciosa corrida... A única estratégia que preparei foi: não parar. Sabia que se parasse não agüentaria continuar e, terminar uma prova é algo indiscutível para mim. Se eu começar, vou até o fim, nem que seja pulando como um saci-pererê.

Não tenham dúvidas de que doeu e doeu muito. E esta dor me fez pensar em outras dores e como podemos administrá-las.

São tantas dores que enfrentamos pela vida afora... Dores físicas, espirituais, emocionais. E será que é possível ser racional diante de alguma delas? Talvez seja. E, resistir às dores, não deixa de fazer parte do nosso processo de crescimento.

Normalmente, toda dor é assim, há um momento em que percebemos que ela vem chegando (normalmente surgem sinais) e fazemos questão de não respeitar sua importância. Mas ela está lá. Existe e é real. Podemos derrotá-la no primeiro round, ou, continuamos nosso caminho e a jogamos para debaixo do tapete, na esperança de que em alguma hora ela vá embora sozinha.

Mas ela não vai, e é inevitável que o segundo momento da dor desabroche. Ela aumenta progressivamente e tentamos, como um paliativo, nos concentrar em outras coisas que nos desvie a atenção. Chegamos a pensar que ela se foi, porém mais uma vez nos enganamos, pois ela volta ainda mais forte, porque não foi medicada no tempo certo. E são nessas horas, que dá uma vontade enorme de desistir e se entregar a dor tão intensa.

Só que dor intensa é estranha, quando achamos que já não vamos mais suportar, tudo parece anestesiado e aí nada mais nos detém. Vivemos o perigo de nos acostumar com a dor ou, podemos optar em nos libertar dela. Na mesma proporção em que nos enfraquece, ela nos fortalece para lidar com suas nuances na esperança de cruzarmos a tão esperada “linha de chegada”.

Vencer ou ser derrotado por ela... mais uma vez, é uma questão de escolha!

Quem sou eu para simplificar as dores alheias. Cada um sabe o limiar de sua dor. Apenas transpus uma experiência física para meu mundo de "devaneios"... E por falar nisso, a minha dor física está aqui. Ficou um tempo debaixo do tapete, desviei minha atenção, senti-me anestesiada, usei toda minha força para vencer um desafio. Mas sei que é necessário derrotá-la e para isso preciso deixar a teimosia de lado e encarar que o problema físico existe e já passou da hora de ser resolvido, como muitos outros problemas que adiamos e se transformam em dores em nossas vidas.

sábado, 9 de maio de 2009

Pirlimpimpim!!!

Na minha infância fui presenteada com a primeira versão do Sítio do Pica Pau Amarelo. Não perdia um episódio e tudo me encantava. O “sonho de consumo” não era brincar de Barbie ou Susi, mas era ter a liberdade de Narizinho.

Monteiro Lobato soube, como ninguém, ler a mente das crianças e criar, entre outras fantasias, um pó mágico que poderia transportar seus personagens de um lugar a outro.

Lembro-me das inúmeras vezes que gostaria de ter um saquinho com este fabuloso pó para ir à algum lugar, bem longe, onde não existisse o “Para Casa”. Doce tempo em que, o que me aborrecia, era apenas a quantidade de tarefas que a escola mandava para realizar em casa...

Hoje em dia este pó tornou-se gênero de primeira necessidade e o código de comunicação entre amigas. Pode saber que, se uma telefonar para a outra perguntando onde se consegue comprar o pó do Pirlimpimpim... é sinal de que a coisa está feia...

A ilusão de criança foi transportada para nossa vida adulta, onde pensamos que “sumir” traz soluções para algo que não gostaríamos de enfrentar. Que ter, ou virar um pó, é o mesmo que uma bóia salva-vidas em um naufrágio. Precisamos nos agarrar a alguma coisa que nos tire de onde não queremos mais estar. Precisamos, muitas vezes, nos salvar de nós mesmos e aquele pó representa a saída de emergência, nossa última esperança para recomeçar de forma diferente. Atribuímos ao coitadinho do pó do Pirlimpimpim a responsabilidade de solucionar nossas inquietudes.


Não posso negar que faço (e continuarei fazendo) uso do almejado pó, porém um pouco mais materializado em uma cia aérea onde me transporto para alguns dias de descanso. Quando volto, os problemas já não são tão “problemáticos”, mas é o “olhar” que volta diferente. Volta mais aliviado para enxergar as inúmeras coisas que não via quando saí daqui. As alegrias passam a ser maiores e o peso ficou para trás, no fundo da caixinha e talvez lá seja transformado em mais pó para os próximos dias de exaustão.

Como diz um amigo querido: “espero que quando eu estiver velho, os outros não pensem que eu esteja louco, mais uma coisa é ficar louco depois de velho e outra é nunca ter tido juízo”. Talvez ser adulto demais é que esteja nos fazendo perder o juízo e querer “sumir”.

Olhares...


Partindo da teoria de que Deus nos deu uma boca e dois ouvidos para que possamos escutar mais e falar menos, vou compactuar com ela no que diz respeito aos olhos. Se nos foram concedidos dois, é para que possamos observar mais as coisas e as pessoas que nos rodeiam.

Quantos olhares cruzam com os nossos diariamente? Muitas vezes, são olhares que não dizem nada, outras vezes, são aqueles que nos têm muito a dizer. Será que estamos preparados para “ouvi-los”?

Participava de um recrutamento com o objetivo de ser observadora no processo. Quando me dei conta, eu era o alvo de vários olhares. E cada olhar ali tinha uma história, tinha algo a dizer.

No decorrer da seleção, características de personalidades, objetivos, exposição de necessidades, vidas bem diferentes da minha e aqueles olhares dizendo muito mais do que saía de cada boca.

E meu olhar de observadora, com a dura missão de participar da escolha de quem continuaria e quem estaria fora do processo. Senti a responsabilidade de me concentrar em cada olhar.

Tinha olhares de dezoito anos, aqueles que enxergam uma vida pela frente. Olhares de vinte e cinco, que já pensam na seriedade que o futuro impõe. Olhares de cinqüenta, que buscam um recomeço.

O maior desafio era contribuir com os “excluídos” para saírem dali olhando para frente, sem perder a esperança.

O “corpo fala”, e é indiscutível não perceber esta verdade, mas é o rosto que “entrega o jogo”. Os olhos desmascaram qualquer intenção oculta.

Eu vi olhares atentos, sofridos, esperançosos, confiantes, curiosos e aflitos. Olhares coloridos, mas vi olhares cinzas também. E o mais bonito é quando esses olhares começam a perceber que as cores existem e merecem ser admiradas.

Através do nosso olhar, nossa relação com o mundo adquire uma tonalidade especial, que também está intimamente ligada às nossas escolhas (coloridas ou monocromáticas). E como toda boa escolha, pode transformar nossos dias.

Aquela turma passou por mim, mas não em “brancas nuvens” e meu maior e romântico desejo é que tenhamos verdadeiros “pantones” a enxergar para não desperdiçarmos nenhum precioso olhar que cruzar o nosso caminho.

domingo, 12 de abril de 2009

A vida e o GPS


Depois de uma deliciosa viagem e da descoberta sobre as maravilhas que um GPS (sistema de posicionamento global) pode nos proporcionar, fiquei pensando como seria nossa vida, se ela fosse guiada por um.

É notório que as constantes “bifurcações” em nossos caminhos são inevitáveis. Muitas vezes não sabemos para onde devemos ir, que decisão tomar e, se em cada bifurcação dessas, tivéssemos um GPS para dizer: “mantenha-se à direita” ou “mantenha-se à esquerda” para que chegássemos ao destino certo, até que não seria nada mal. Pensando bem, acho que não seria nada bom...

O que dá sabor à vida, talvez seja a grande oportunidade de refazer nossos caminhos, quando escolhemos algum que nos levou a um destino inesperado. Somos regentes e não passivos instrumentos nessa passagem pela vida, e a melodia que toca, afinada ou não, é uma composição nossa. Resultado dos erros e acertos que já tivemos, das inúmeras escolhas que fazemos diariamente. E não dá para delegar isto a ninguém.

Conversando com uma amiga, que vive um desses angustiantes momentos em que se faz necessário tomar uma decisão, escolher um caminho, senti a tentação de me transformar em um GPS para que pudesse ajudá-la. Mas não somos e não temos um implantado em nosso “vidro dianteiro”. Nossa intuição muitas vezes é nosso maior guia, mas não tenho dúvida de que quem comanda o que vamos encontrar em cada estrada (quando permitimos, claro) é Deus.

E quantas escolhas boas nos foram permitidas fazer? Já pensaram se tivéssemos um GPS e os parâmetros de positivo e negativo fossem questionáveis? Não consigo imaginar se meu GPS me tivesse feito escolher outro marido, por exemplo. E o tempo profissional que me permiti? E a opção em ter filhos? Enfim, a música que toca, é a que compus. E agora, que escolhi ter uma família, somos vários regentes em harmonia. Cada um terá seu espaço e tocará sua música, fará suas escolhas, definirá seus caminhos, mas temos uma partitura que construímos juntos e que servirá de guia para errar e acertar nas novas composições.

É... Talvez fosse cômodo ter “alguém” para escolher qual a melhor opção em nossas vidas, só que a música produzida poderia ser um barulhento heavy metal enquanto nossos ouvidos quisessem uma doce Bossa Nova. Alguém quer arriscar?

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Mas o que está congestionado?

Não é raro nos depararmos com aquele sentimento de total desperdício de tempo.

Passamos por situações em que poderíamos gastá-lo com algo melhor e não temos alternativa.

Seja na sala de espera de um consultório, seja na fila de um banco, na secretaria de uma escola ou no trânsito. E é no trânsito que o “bicho pega”. Você não vê ninguém esbravejando em um consultório ou em uma fila. O máximo que ouvimos é um pequeno e discreto comentário relacionado à demora. Mas nas ruas...

Quando vejo que vou encarar um congestionamento, sinto-me forçosamente convocada para uma reunião de estressados. É gente gesticulando, buzinas incessantes gritando deliberadamente: “saí daí!”.

É muito interessante a que ponto chega a “inocência” humana. Acho que as pessoas recorrem à infância quando se deparam com um congestionamento. Quando crianças, acreditamos que as lágrimas podem convencer os adultos a ceder algo negado. Já os adultos, fazem da buzina uma “arma” na tentativa de que os outros parem de negar o seu direito de seguir em frente.

Mas ela não vai tirar nem um carro do caminho de quem está com pressa, mas mesmo assim, lá está ela: mais buzina!

Não é só o trânsito que está congestionado. As emoções também estão e, é por isso, que voltamos exaustos para casa.

Não adianta procurar culpados. É uma questão de opção. Ou me contamino com a loucura do lado de fora do meu carro, ou faço dele meu refúgio, meu mundinho mágico onde posso ficar comigo mesma, com minhas músicas e a com a minha paz. Mesmo que eu saiba que poderia fazer algo melhor do que estar ali. Tudo na vida tem um lado bom. Basta procurarmos.

Planejo-me para sempre chegar com antecedência em meus compromissos, mas se algo saiu errado, minha boa educação me ensina a dar satisfação, desculpar-me com quem me espera e torcer para que não tenha “quebrado nenhum ovo”.

Se moro em um lugar onde a vida se resume a congestionamentos, infelizmente é o preço que pago por minhas escolhas ou pelo crescimento desordenado. Só não vale ficar murmurando, pois isso faz mal ao coração e à cabeça.

Nos últimos anos vivi em um “conto de fadas” com flexibilidade de horários e deslocamentos. Esta semana voltei ao “mundo real”, do chamado horário comercial e descobri que dez minutos a mais de sono, podem custar sessenta minutos no trânsito. Quase me contaminei, mas fui salva pelo bom senso e pela escolha de viver uma vida menos complicada.
Sobrevivi!

sábado, 28 de março de 2009

Pisando em ovos

Feche os olhos. Tudo bem, fique com um aberto para ler.

Imagine dúzias de ovos sob seus pés. Estão intactos para começar a nossa experiência.

Calma! Clama! Devagar. Levante uma das pernas e movimente-a para frente. Pise levemente. Le-ve-men-te! Xiiii.... é impossível não quebra-los, não é mesmo?!
Mas, o que fazer quando as pessoas com as quais nos relacionamos exigem de nós tamanho cuidado? Não podemos dar um passo sossegados sem que, pelo menos, meia dúzia de ovos se quebre. E aí a sujeira está feita e o cheiro fica impregnado no tapete da amizade, do casamento, da família ou até mesmo do trabalho, pois os ovos estão espalhados por todos os lados.

Será que para não quebra-los é preciso deixar de falar o que pensamos ou sentimos? Por que as pessoas hoje em dia estão tão “quebráveis”?

A fragilidade e a irritabilidade andam como verdadeiras assombrações por todo lado. Se falamos a alguém: “estou dirigindo, posso te ligar mais tarde?” Pronto! Ovos quebrados. Ou então: “fulano, você poderia, por favor, refazer esta parte do trabalho que não ficou tão legal?” Mais ovos quebrados!
Ninguém quer ser cobrado, ninguém quer esperar, ninguém quer ser rejeitado. Isso é normal. Mas umas pessoas lidam com estes "nãos" sem precisar fazer omelete, enquanto outras...

Mas deixo aqui um pedido, se alguém souber como faço para não quebrar muitos ovos, por favor, me diga, pois ando sujando alguns tapetes por aí. Não porque meus pés são pesados ou insensíveis, mas porque fico sem ar quando não posso ser eu mesma.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Se eu morasse sozinha...

Cada pessoa reage de forma diferente quando o assunto é fazer algo que não gosta. Umas, simplesmente não fazem, outras fazem “meia boca” e outras precisam ser empurradas. No que diz respeito à cozinha, sou do tipo que precisa ser empurrada.

Meu lado racional e prático acredita que os alimentos deveriam ser oferecidos também em cápsulas e principalmente que pudessem ser ingeridos com coca cola ou toddy (uau... seria o mundo perfeito!). Tudo bem que vez ou outra poderia optar por um churrasco real, feito de forma convencional, suculento, regado com uma deliciosa coca cola gelada (olha ela aí outra vez).

Mas o dia-a-dia em uma cozinha é uma tarefa árdua na minha vida (penso que não seja só na minha vida). Com duas crianças, em fase de crescimento, todos os dias o cardápio é o mesmo (só mudam os ingredientes, claro): salada, carne, legumes e o tradicional arroz com feijão. Nem o macarrão (que é bem fácil de fazer) eles não curtem.

Mas diz o ditado que quando o gato sai o rato faz a festa e não pude deixar de fazer a festa nesta semana de ausência do gato da casa. Apesar de manter o lado saudável das refeições, a “porcariada” rolou solta. O almoço era sem negociação, empurrado mesmo, mas na hora do lanche, passava no “espaço gourmet” da redondeza e comprava: crepe, comida japonesa, pizza e... coca cola. Voltava feliz!!!

Mas os dias foram passando e alegria de fazer peraltices foi substituída pela tristeza da saudade. O empurrão do “bom de garfo” é fundamental para eu continuar caminhando, ou melhor, cozinhando. Parei de passar no “espaço gourmet” e planejei algo bem gostoso para que o rato oferecesse ao gato que saiu e deixou um grande vazio.

Sei que se eu morasse sozinha... não seria nada feliz.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Rolamento ou folga no eixo?

Como sempre digo, temos diariamente, infinitas oportunidades de aprendizado...

Vamos vender meu carro e por isso nossa disposição para gastar com ele tem sido quase nula ou inexistente. Porém comecei a ouvir um barulho na RODA DIANTEIRA DIREITA (aliás, tenho uma capacidade “incrível” para descobrir barulhos naquele carro) e pedi várias vezes ao "homem da casa" para que verificasse a origem do tal barulho e, claro, ele não teve tempo (quando o assunto é gastar, ele gasta é o tempo dele com outras coisas para fugir da despesa).

Enfim, eu mesma levei o carro na oficina de alinhamento e balanceamento e depois de várias, (várias mesmo) voltas ao lado do mecânico ele ouviu um pequeno barulhinho que sugeria uma folga no eixo dianteiro. Ele ainda disse que já que vamos vender o carro, não justificaria arrumar (por ser caro e não preocupante - fiquei em dúvida quanto ao último comentário, mas tudo bem!).

Continuei usando o carro e aquele barulho começou a crescer, como um grande monstro que achávamos que saltaria de dentro do armário para nos engolir.

Um certo dia, pedi ao "homem da casa" para me levar ao consultório (estrategicamente no meu carro) e finalmente ele certificou-se de que o grande monstro estava mesmo lá, não era algo da minha imaginação. Não queria nem deixar que eu o levasse ao aeroporto (mas não obedeci...).

Conversando com uma daquelas pessoas que Deus coloca para iluminar o nosso caminho (daquelas que indicam do salão de beleza à locadora de vídeo), descobri que tinha uma oficina séria e confiável no nosso bairro.

No dia seguinte passei na oficina e o gerente me perguntou o que tinha ocorrido e fui logo dando o diagnóstico: é um barulho “assim, assado”, na RODA DIANTEIRA DIREITA. O gerente muito educado, me perguntou se não poderia ser rolamento, hipótese que descartei com toda autoridade de meus conhecimentos mecânicos: “naaaao, conheço barulho de rolamento estourado, o que meu carro tem é outra coisa que ainda não sei o que é”.

Diagnóstico final? Era rolamento na RODA TRASEIRA ESQUERDA...

O que aprendi? Que realmente ouvimos somente o que queremos ouvir. Nossas verdades são sempre mais coerentes que as dos outros e com isso nos fechamos para novas possibilidades.

Paguei, saí com o carro novamente silencioso, com o rabinho entre as pernas, porém com os ouvidos mais receptivos.

terça-feira, 24 de março de 2009

Embarcando em uma desafiadora viagem...

Passageiras do vôo 001 com destino à Maternidade, embarque no Portão das Incertezas...

A maternidade é algo sonhado pela grande maioria das mulheres. Pode soar “forte”, mas temos que ter a consciência de que é uma viagem sem volta. Esta foi, para mim, a primeira coisa que veio carimbada em meu cartão de embarque: este bebê é seu para sempre! Tudo bem que sabemos que criamos os filhos para o mundo, mas a responsabilidade em educar, as preocupações e alegrias serão eternamente gravadas em nossas vidas.

Vivemos muitas coisas boas e muitas angustias também. O legal é descobrir que a maioria das mães passam pelas mesmas coisas que passamos e, a melhor das descobertas, que as dificuldades vão deixando de existir dia após dia. Claro que novas dificuldades vão surgindo, mas com o passar do tempo elas se tornam mais leves.

Várias pessoas dizem que comemorar o primeiro ano de vida de uma criança é algo para os pais e não para os pequeninos. Posso dizer que concordo, pois vencer as noites mal dormidas, as cólicas, as dúvidas sobre tons e formas de choro, criar rotinas, introduzir uma alimentação saudável, superar as viroses, chorar com as vacinas, voltar ou não ao trabalho, enfim, são tantas coisas em um espaço tão pequeno de tempo, que merece ser comemorado.

Tínhamos a nossa vida num ritmo todo nosso, éramos donos do nosso nariz, nossas vontades nos guiavam e, de repente, uma criaturinha tão sonhada vem para mudar tudo.

Você já sentiu a dor do cansaço? Não falo daquela causada por um grande esforço físico. Falo daquela dor que sentimos por ficar com raiva de não ter conseguido dormir direito porque o ser que mais amamos chorou a noite toda... pois é, já senti essa dor um montão de vezes e outras dores também que só são curadas por causa desse tal amor. Ele é tão grande e tão imensurável, que conseguimos superar tudo.

Mas uma coisa muito importante que aprendi sobre esta viagem é que ela é recheada de descobertas e aprendizados. E que é a mais bela de todas que sonhamos um dia em fazer. Ela fica melhor quando nos livramos das culpas, dos pesos e apenas curtimos a maravilhosa paisagem que Deus nos presenteou: nossos filhos. Vamos errar, mas na maioria das vezes vamos acertar, vamos ter medo da altura do vôo que é possível alçar quando nos tornamos mãe, mas não podemos esquecer que temos a coragem para enfrentar esta rota desconhecida e que nosso principal combustível é o amor!

O que posso desejar a cada nova Mãe, é que façam uma feliz viagem!