Fui “presenteada” com oito folhas coloridas de papel colorset e a seguinte tarefa: cortar quadradinhos de aproximadamente um centímetro cada, ou seja, um verdadeiro “presente de grego”, isso sim!
Achei tão absurda a tarefa que liguei para uma amiga para me certificar que havia entendido corretamente o dever de casa enviado aos pais. Fiquei bem desapontada quando ela me confirmou e ainda acrescentou o seu sentimento de solidariedade, pois ela já havia terminado os quadradinhos dela com um saldo nada positivo de efeitos colaterais (bolhas nos dedos).
Então, lá fui eu executar minha tarefa.
Peguei a primeira folha e pensei: quantos quadradinhos seriam possíveis obter. Seiscentos! Risquei a folha que ficou fofa, parecendo mesmo um papel quadriculado e comecei a cortar. Verifiquei que era preciso nova estratégia, pois daquela forma passaria horas da minha tarde e noite de domingo para conseguir os dois mil e quatrocentos quadradinhos totais.
A segunda folha foi unida à primeira que estava devidamente riscada com a medida solicitada. Ainda não estava rendendo e passei a riscar somente as linhas horizontais de um centímetro. Juntava duas ou três tiras e pronto, lá iam caindo os felizes papeizinhos pela mesa.
A paciência começou a dar sinais de cansaço e as duas ou três tirinhas passaram a ser seis ou sete. Papel mais grosso, a mão começou também a reclamar.
A terceira folha uniu-se a quarta, que foram transformadas em tirinhas e pequenos bolinhos de papel eram transformados em quadradinhos.
Da quarta folha em diante, as tirinhas já não eram tão regulares, os bolinhos já nem contava, a mão já tinha bolhas e os quadradinhos já não eram tão quadradinhos assim.
Foi quando comecei a achar uma certa graça interna com a minha impaciência.
Tenho traços de perfeccionista, mas estou longe de ser e querer quadradinhos de um centímetro. Era demais para mim. Ver, ao final do trabalho, que meu quadradinhos não eram bem o que eu planejei no início, deixaram-me um pouco aliviada comigo mesma.
Será que ando me cobrando menos? Será ando deixando um espaço para os erros?
Achei esta avaliação muito promissora a respeito de mim mesma.
Minhas galinhas da angola e minhas vaquinhas voltaram a cobrar minha presença na varanda e isto representa um sinal de que voltei a correr, porém, mesmo correndo, estou dando conta de me permitir muitas coisas.
Claro que os trabalhos enfadonhos nunca me levaram a lugar algum, sou agitada demais para eles, mas eu sabia que meus quadradinhos seriam para confecção de um mosaico.
Brinquei com um bocado de papéis aqui e ali, imaginado o que poderia formar, mas, nem mesmo esta motivação, foi suficientemente forte para eu exigir de mim a perfeição no corte.
Enfim, acho que serão mosaicos lindos, cada um tinha um pedacinho dos meus pensamentos, da minha dor, da minha raiva, da minha impaciência, do meu autoperdão, da minha diversão, da minha intenção... deve gerar peças bem malucas!
Achei tão absurda a tarefa que liguei para uma amiga para me certificar que havia entendido corretamente o dever de casa enviado aos pais. Fiquei bem desapontada quando ela me confirmou e ainda acrescentou o seu sentimento de solidariedade, pois ela já havia terminado os quadradinhos dela com um saldo nada positivo de efeitos colaterais (bolhas nos dedos).
Então, lá fui eu executar minha tarefa.
Peguei a primeira folha e pensei: quantos quadradinhos seriam possíveis obter. Seiscentos! Risquei a folha que ficou fofa, parecendo mesmo um papel quadriculado e comecei a cortar. Verifiquei que era preciso nova estratégia, pois daquela forma passaria horas da minha tarde e noite de domingo para conseguir os dois mil e quatrocentos quadradinhos totais.
A segunda folha foi unida à primeira que estava devidamente riscada com a medida solicitada. Ainda não estava rendendo e passei a riscar somente as linhas horizontais de um centímetro. Juntava duas ou três tiras e pronto, lá iam caindo os felizes papeizinhos pela mesa.
A paciência começou a dar sinais de cansaço e as duas ou três tirinhas passaram a ser seis ou sete. Papel mais grosso, a mão começou também a reclamar.
A terceira folha uniu-se a quarta, que foram transformadas em tirinhas e pequenos bolinhos de papel eram transformados em quadradinhos.
Da quarta folha em diante, as tirinhas já não eram tão regulares, os bolinhos já nem contava, a mão já tinha bolhas e os quadradinhos já não eram tão quadradinhos assim.
Foi quando comecei a achar uma certa graça interna com a minha impaciência.
Tenho traços de perfeccionista, mas estou longe de ser e querer quadradinhos de um centímetro. Era demais para mim. Ver, ao final do trabalho, que meu quadradinhos não eram bem o que eu planejei no início, deixaram-me um pouco aliviada comigo mesma.
Será que ando me cobrando menos? Será ando deixando um espaço para os erros?
Achei esta avaliação muito promissora a respeito de mim mesma.
Minhas galinhas da angola e minhas vaquinhas voltaram a cobrar minha presença na varanda e isto representa um sinal de que voltei a correr, porém, mesmo correndo, estou dando conta de me permitir muitas coisas.
Claro que os trabalhos enfadonhos nunca me levaram a lugar algum, sou agitada demais para eles, mas eu sabia que meus quadradinhos seriam para confecção de um mosaico.
Brinquei com um bocado de papéis aqui e ali, imaginado o que poderia formar, mas, nem mesmo esta motivação, foi suficientemente forte para eu exigir de mim a perfeição no corte.
Enfim, acho que serão mosaicos lindos, cada um tinha um pedacinho dos meus pensamentos, da minha dor, da minha raiva, da minha impaciência, do meu autoperdão, da minha diversão, da minha intenção... deve gerar peças bem malucas!