No finalzinho das férias, levamos as crianças para assistir "O fada do dente".
O filme conta a história de um jogador de hóquei, de segunda divisão, "especializado" em destruir não só os dentes de seus adversários, como também o sonho de muitas crianças que o admiravam.
Mas as fadas o condenaram com uma dura pena: foi sentenciado a ser verdadeiramente um fada do dente por uma semana.
O filme transcorre com "o fada" esvaziando a dureza de seu coração e vivendo também as conquistas de seus próprios sonhos (que era voltar a ser um jogador de sucesso).
Voltamos para casa, com as crianças profundamente inclinadas a acreditar que a Fada do Dente existe.
Tratar os assuntos da fantasia por aqui, sempre foi pincelado com toque de racionalidade. Não de forma destrutiva, mas questionadora, para que as crianças tirassem suas próprias conclusões.
É muito engraçado quando eles têm dúvida sobre algum assunto dessa natureza. Parece uma balança. Um lado se inclina para a razão, mas o coração é totalmente voltado para a fantasia.
O saci, o papai noel, o coelhinho da páscoa e tantos outros que para eles não passam de personagens de livrinhos, esbarraram agora com a "verdade" de um filme. Ele balançou a cabeça e a emoção. Fada existe?
Na noite passada, um incisivo central abandonou uma boquinha feliz e não resisti a uma brincadeira. O dente que estava debaixo do travesseiro "desapareceu", e no lugar uma cédula enroladinha foi colocada.
Foi sensacional!
Na madrugada, o dono do dente "capturado" acordou convicto de que tinha sido visitado pela fada do dente.
Na manhã seguinte, fui questionada sobre quem realmente esteve no quarto (olha o racional brigando com a fantasia). Omiti, claro! E agora a dúvida paira no ar...
Incluir as crianças em nosso mundo real leva a um amadurecimento precoce. Tira a oportunidade de deixa-las "caminhar por ruas com pedrinhas de brilhante".
A escola vem atribuindo a estes pequenos, uma carga muito grande de responsabilidades. O mundo moderno, o futuro assustadoramente competitivo, nos pressiona contra parede, exigindo que façamos escolhas do que é "melhor" para eles.
Eu vinha esquecendo que eles são crianças e, na noite passada, resgatei a alegria de ve-los sonhar, numa mistura "amadurecidamente infantil", de acreditar nos "contos de fada".