sábado, 20 de junho de 2009

Eu e os livros


Não é segredo para ninguém que a minha terceira paixão são os livros. Amo-os de todo coração, o que pode ser incompreensível para muita gente. A minha a relação com aqueles aglomerados de papel cheios de vida, vai além do convencional. Preciso tocá-los, senti-los, precisam ser meus. Algo bem possessivo, e mesmo com toda minha inclinação para o novo e para o avanço tecnológico, o famoso e-book, bem como o audiobook ainda não conseguiram me seduzir.

Gosto de vários estilos, vários autores, mas há três anos ganhei de uma amiga querida, um livro “viajante”. Ela me propôs uma espécie de “clube de leitura” para discutirmos o tal livro. A autora é de uma criatividade incrível e uma capacidade de materializar o impossível que me faz encantada pela estória (que parece não ter fim). Graças a estes livros, minha obsessão em viajar ganhou novo objetivo: a Escócia!

Não dominar a língua inglesa configurou-se agora em um enorme problema em minha vida. Estes amados livros são lançados em português, uma vez ao ano, ou seja, quando acabo um volume, preciso esperar mais um ano para conseguir ter o próximo. Tudo bem que cada volume tem em média 800 páginas, mas elas esvaem-se em poucos dias e fico impotente diante disso.

Este ano, li os primeiros capítulos, como um esfomeado devora uma mesa farta. Mas quando percebi que, naquele ritmo, eu terminaria o livro rapidamente, comecei a economizá-lo. Parece papo de gente doida, mas acreditem, não sou tão doida assim. Ficava três ou quatro dias sem ler, na esperança de adiar mais um pouco a despedida.

Só que não teve jeito... chegou um momento em que eu precisava saber o que aconteceria e lá estava eu nas páginas finais.

O mais divertido é que no tempo de “abstinência” eu discutia comigo mesma sobre as possibilidades da continuidade do livro. Normalmente a autora faz tudo fora do previsível, o que nos deixa com um “gostinho de quero mais” bem aguçado.

O quarto (dos sete volumes) acabou, e fiquei com uma sensação de perda. Vivo uma espécie de luto. Vou digerindo esta quase tristeza na esperança de uma ressurreição, que pode vir através de um outro livro qualquer. Mas preciso de ao menos uma semana para começar nova viagem.

Livro bom é assim, não gosto de despedir-me dele. Como sei que encontrarei outro, passo os dedos pela estante dos que ainda não li e troco olhares com cada um deles, na busca de novos personagens, novos lugares, novo encanto. Ao encontrá-lo, torna-se inevitável embarcar nos momentos de alegria das pequenas folgas diárias, mesmo sabendo que novo luto virá, nova busca, novo encontro, nova alegria... enquanto existirem bons autores, este ciclo não terá fim (ao menos para mim).

Ah! Para quem quiser algo “viajante” para se distrair, indico os livros da Diana Gabaldon.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Abrindo o coração...

Como vivo um momento de intensa paixão e reflexão sobre todas as coisas que estão acontecendo em minha vida, penso que a passagem do Dia dos Namorados me fez pensar um pouco mais atentamente sobre o amor. Principalmente porque neste ano foi um dia comemorado de forma bem diferente, pois foi regado a luz de velas, um jantar nada convencional com bastante peixe cru, um casal de namorados e... duas crianças! Divertidíssimo.

Que atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou, gostou, ou, apenas flertou inúmeras vezes na vida. Quem já não teve muitas certezas e dúvidas também (normalmente as últimas se sobressaem).

Meu "currículo" amoroso é bem sucinto e predominantemente recoberto por defesas “inconscientes” no sentido de ter vários, porém curtos envolvimentos, evitando a provável prisão ou posse.

Meu primeiro “namorado” foi aos oito anos de idade e ele era do meu tamanho (vale observar que sempre fui a menor da sala e encontrar alguém que me olhava “de igual para igual” era mesmo apaixonante). Este namoro durou o tempo que ele permaneceu na escola, nem me lembro mais, e a única coisa que tínhamos como namorados era o “título”.

Aos onze anos a paixão arrebatadora era novamente por um coleguinha de sala, também pequenino, como eu, porém muito compenetrado, certinho e pouco criança. Isso me incomodava bastante e eu dava muitos “tumés” em prol de um bom banho de piscina na casa de uma amiga que morava em frente a escola. O namoro era muito inocente e não passava de jogos de ping-pong no recreio, divisão do lanche e andar de mãos dadas. Eu queria mesmo era estar com minhas amigas e brincar (naquele tempo, ter onze anos ainda era ser uma criança).

O tempo foi passando e um namorico aqui outro ali sem nenhum compromisso, sem contar para a mãe e muito menos levar em casa. Meu pai era uma FEEERA e eu jamais me arriscaria a passar vergonha com sua cara de “poucos amigos”. Definitivamente não queria ninguém na minha cola, me controlando (já tinha um pai controlador demais para aceitar outro “sujeito” mandando em mim) e meus namoros se resumiam a três ou quatro meses no máximo! Sabia que uma hora teria que sossegar e começar a captura por um príncipe encantado (qual menina não sonhou com um?). Aos vinte, levar uma vida de maluquinha (embora, sempre muito ajuizada) começava a já não ser tão interessante assim. Minhas amigas “namoravam sério” e eu sobrava como aquele terrível jiló reapresentado no jantar. Perambulei com meu coração por muitos lugares e cidades, até que encontrei um experiente pescador, que atirou a isca e fisgou o peixe... Lá estava eu enroscada nas redes do amor. Logo eu... No início parecia uma “canoa furada”, mas com o tempo, percebi que estava em uma rara e luxuosa embarcação, um verdadeiro porto seguro.

Ele era (é) tudo que eu sempre quis (cada um que faça sua lista de requisitos, mas a minha era bem prática e compreendia uma busca por algo como dedicação, fidelidade, companherismo, amor sincero, enfim, um príncipe não tão fácil de se encontrar no século XX que oferece homens imediatistas, inseguros e egoístas). Apesar de sonhadora, meus pés sempre foram fincadíssimos no chão da realidade. Mas eu sabia que ele era “a vida que eu queria bordada na minha”.

Ficar com alguém com o qual irá se propor não somente a viver as delícias de estar ao lado da pessoa amada, mas também ser capaz de encarar um pote de sal para comerem juntos é uma decisão, uma escolha. Tudo bem que tenho só dezessete anos de caminhada, mas atravessar rios mansos ou mares agitados nos faz sempre aprender algo. Embora saiba que tenho muito a aprender. Aprendi que o amor é mesmo uma plantinha e precisa ser cuidada. Precisa da luz do outro, mas precisa do ar da preservação da individualidade, precisa da água da renovação e um solo rico em nutrientes de respeito, segurança e amizade. É esfomeado, precisa ser alimentado diariamente, caso contrário, morre por inanição. E ser eterno enquanto dura é uma decisão individual e ao mesmo tempo conjunta. E eu prefiro acreditar que irá durar para sempre, mesmo tendo consciência que “sempre não é todo dia”. Hoje amo-te demais, mas amanhã posso estar menos tolerante e depois de amanhã te amar loucamente outra vez. Queria que fosse incondicional, mas o fato de sermos de carne e osso nos impede de vivê-lo dessa forma (acho que só nossos filhos experimentam esta nossa forma de amar). É divertido, e se assim o direcionarmos, é realmente fantástico! Romântico? Depende dos momentos que nos propomos a criar para colori-lo (mesmo que o jantar a luz de velas venha acompanhado por duas crianças, que de certa forma, poderão aprender o quanto é importante manter vivo tudo que há de bom entre duas pessoas que se amam).

Declaração ou não, sei quem escolhi e sei o que escolhi, escolhi “te amar por toda minha vida”...

sábado, 6 de junho de 2009

Minhas Andanças


Na semana passada, troquei minhas andanças de carro por andanças com meus próprios pés. Contei com o apoio do transporte coletivo também, mas era quando eu o via partir que enchia-me de uma alegria boba em poder caminhar livremente, e foi bem interessante.

A perspectiva de quem guia um carro a caminho de casa é totalmente prática, objetiva e acontece quase que por reflexo. É sair da avenida principal do bairro, entrar à direita, seguir até o fim da rua, virar à direita novamente, mais algumas quadras e pronto! Controle remoto na mão, abre-se o portão da garagem, sai do carro rapidinho para evitar que o alarme do prédio comece a gritar aos ouvidos, fecha-se a porta de vidro e o retorno é concluído com sucesso. É tão automático que nem vemos acontecer.

A perspectiva do pedestre pode até ser prática e objetiva, mas a minha não era. Mudar de perspectiva é algo que deveria ser experimentado por todos. Não digo só quanto a estas coisas quase banais. Refiro-me à capacidade de pensar sobre como o outro se sente em determinada situação ou vê algo que você também vê, porém de forma diferente. Chamam isto de empatia. Eu chamo de condição indispensável para um bem viver.

Mas voltando às minhas andanças, conhecer as calçadas do meu bairro foi uma experiência muito bacana. Enquanto motorista, podia fechar os olhos e fazer o trajeto mentalmente, visualizando casas, edifícios, uma coisa aqui, outra ali. Mas agora, pude ver que, na casa verde tem um quadrinho com bonequinhos de mãos dadas, dependurado na porta. Pensei que ali, provavelmente, morava algum casal bem feliz. Que nas casinhas geminadas de portão branco, o jardineiro é o mesmo, pois as plantas são idênticas e caprichosamente cuidadas. Que, em frente ao edifício de lajotas azuis, é impossível caminhar, pois as árvores ainda estão baixas e elas me fazem lembrar da Praça de Ubá onde eu sempre admirava na infância aquelas árvores com suas formas e folhas cortadas por pessoas que eu pensava tratar-se de cabeleireiros de árvores (de tão certinhas que eram).

Quando chego em casa, troco o controle remoto pelo molho de chaves, utilizo um portão que raramente faz parte do meu dia-a-dia. Subo as escadas com calma, alcanço o alarme e entro tão despreocupadamente quanto estive durante a caminhada. É uma espécie de “entorpecência” causada pela mais boba alegria de poder ver o que sempre esteve à minha frente, porém, em outra perspectiva e posso garantir que, além de fazer bem para o corpo, fez muito bem para os pensamentos que puderam desacelerar comigo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Procura-se uma “Tia Torta”

Ontem recebi um carinhoso comentário no blog, a respeito dos textos que escrevo. Quem o fez intitulou-se como minha“Tia Torta”.

Revirei minha memória, abri pastas e pastas de arquivos mentais em busca da "torta parenta".

Todos nós temos um parente torto, não é mesmo? Eu, não sendo diferente de ninguém, tenho vários. Primo, prima, sobrinho, irmão, tio, tia e até filho (este chegou faz pouco tempo). Portanto, como a dica foi a de se tratar de uma tia, conectei todas as pessoas possíveis e imagináveis em minha memória, mas não encontrei minha querida Tia Torta. A esta altura, ela já é querida, claro! Como toda boa mineira, jamais deixaria de acolher os que participam da minha nova casa de devaneios.

De qualquer forma, seja muito bem vinda, Tia Torta! Eu que achava que tinha três seguidoras (Pedrita, Popó e Sônia), fico feliz em saber que tenho mais uma. Você mexeu com minha imaginação e minha curiosidade, por isso não resisti à brincadeira. Lembrei de parentes que há anos não vejo e outros, que já nem me lembrava mais, surgiram na árvore genealógica que desenhei. Todos brincaram com minhas recordações de infância. Até com os mais carrancudos me diverti...

Te espero em nosso próximo encontro virtual! Quem sabe, nem é tão virtual assim???