sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Doente de Raiva


Raiva, por si só, é uma palavra pesada. Saber que alguém ficou com raiva da gente ou, sentir raiva de alguém, é carga difícil de se carregar.

Provocar ou sentir mágoa, embora seja mais profundo para sentir, é mais leve ao falar.

A fala é algo muito interessante e as “forças de expressão”, são ainda mais.

Já ouvi várias e disse inúmeras. “Estou morrendo de fome” é uma das mais usadas e para quem me conhece, este é um mal que não me acomete fácil. Raramente sinto fome, o que dirá morrer “dela”.

Mas, ficar “doente de raiva” foi uma experiência um tanto quanto divertida e construtiva. Calma! A raiva foi séria. Na hora tive vontade de dar um chute na canela de quem a provocou. Só que, no dia seguinte à raiva, perdi a voz e foi muito divertido.

A princípio, pensei tratar-se de um quadro alérgico, só que não tinha nenhum precedente para tal. Depois pensei ser uma crise de asma despontando, mas não era nada disso (o pneumologista garantiu que minha capacidade pulmonar estava em excelente estado).

Então pensei: Deus é tão sábio, que me calou! Com todo respeito à inquestionável sabedoria de Deus, descobri o que aconteceu: meu emocional gritou tanto com a raiva que calou o meu corpo.

Afônica. Foi assim que fiquei.

A raiva, agora passada, descobri que nem tão grande assim ela foi. Ficou resolvida no dia seguinte à sua “não explosão”. E eu sou lá de explodir por alguma coisa, ou com alguém? Normalmente escuto, reflito, pondero e resolvo, mas nunca com explosões. Só que, os efeitos dessa raiva específica perdurou por duas semanas.

E foi ótimo! Voltei para mim mesma na busca de uma cura que precisava ser interior. Ninguém pode me abalar nessa proporção.

Eu falo muito. Muito mesmo! Exercitar o silêncio é uma dificuldade, quase tarefa impossível. Mas “doente” como estava, se quisesse voltar a falar, tinha que repousar a voz.

Nada de telefone, nada de celular, nada de orientar as crianças. Falar com o marido, só ao “pé do ouvido”. Uma isenção total. Quase férias da “general” que vive em mim, ditando ordens para que eu tente manter a vida de todos em ordem.

Espero não ficar um dia “louca de raiva”, pois não sei como meu corpo reagiria...


Adeus Quadradinhos


Dois mil e nove foi um ano que terminou tão atropelado que nem tive tempo, ou inspiração, ou os dois juntos para escrever. Os “quadradinhos” ficaram inertes na página deste blog. Desculpem-me por isso!

Mas no dia 31 de dezembro fiz aquele tradicional “balanço” para ver com que saldo iniciaria minha conta pessoal em dois mil e dez.

Antes do ano acabar, tive tempo de ler no blog “Arquivo XX” (
http://arquivoxx.blogspot.com/ - recomendo!) um texto de Luciana von Borries que dizia, entre outras coisas muito pertinentes, que deveríamos tentar fazer uma lista de agradecimentos. E foi assim que comecei o “balanço”. Como as coisas mudam de perspectiva quando estamos dispostos a ver o seu lado positivo!

Eram tantos os motivos de gratidão: recuperação maravilhosa do infarto sofrido pela minha mãe, o diagnóstico em tempo hábil evitando o infarto do meu pai, o desenvolvimento normal dos meus filhos, meu marido me aturar por mais um ano (ai ai ai se ele confirmar esta fala...), minha casa gostosa e aconchegante, minhas viagens, minhas corridas, meus trabalhos na ONG, meus amigos, enfim, como a Luciana disse, a lista mental (a minha foi mental mesmo) foi ficando agradavelmente tão grande que sobrou pouco espaço para pedidos e promessas.

Depois de refletir sobre tudo de bom que Deus tem me presenteado, resolvi pedir paz. Apesar da paz gerada em função das coisas boas, eu quero para dois mil e dez, um ano de paz!

Abraço tantas causas alheias, sofro com várias delas, que paz cairia muito bem como motivo de gratidão na lista deste ano.

Minha casa sempre foi um reino de paz (exceto, claro, na hora do dever de casa das crianças, que normalmente é um momento desprovido de qualquer paz). Meu ambiente de trabalho foi repleto de paz (trabalhar com o objetivo de trazer melhorias às pessoas carentes, já traz uma paz “impagável”). Viagens, corridas, amigos que dão paz à alma. Então, o que pode tirar a paz de quem a tem suficiente?

Uma paz utópica... Desejar que os problemas dos outros não sejam tão sérios, que o trânsito seja menos violento, que a noite não seja movida por medos, que as escolas sejam ambientes seguros.

A paz que vem de dentro, esbarra na falta de paz dos tempos modernos.

Mas sonhadora que sou, não poderia deixar de pedir que neste ano, eu, você, todos nós, tenhamos um ano com um pouco mais de paz.