quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mão de Mãe



Dizem que beijo de mãe cura tudo. Concordo! Mas mão de mãe cura também...


Semana passada meu filhote caiu na escola e tivemos que ir ao hospital para o Dr. Bonzinho dar uns pontinhos no joelho dele. Lá, segurando minha mão (que eu achava que já nem tinha mais utilidade para ele), me lembrei da história que vivemos quando ele extraiu um dente...

A mão e o dente

Estive pensando na importância das mãos. Não digo a importância física delas, pois esta é uma questão indiscutível, mas falo da importância emocional.

Eu sempre brinquei com quem sentia medo que, era para fechar os olhos e pensar que eu segurava a mão, assim logo o medo ou a dificuldade iria passar.

Mas agora vivi a experiência real desse poder.

Meu filhote teve que extrair um dentinho (seriam dois, mas a odontopediatra resolveu tirar um só). Eu estava angustiada só de pensar na possibilidade dele sentir dor e também apreensiva, pois a relação dele com dentista é muito bacana. Pensava que se ele visse a agulha e vivesse algum “trauma” iria tudo “por água abaixo”, afinal, ele e as agulhas não se entendem muito bem...

Passei a semana explicando tudo que iria acontecer, quais as sensações, como devemos reagir (não bater na mão da dentista para não complicar, ficar tranqüilo, bla bla, bla), tudo isso recheado de uma cara de paisagem e tom de voz absolutamente descompromissado. Contei que talvez precisasse de uma agulhinha bem fininha e que ela era mágica, pois não deixava sentir dor.

Chegou o grande dia. Ele acordou dizendo que não queria ir, que ele gostava da Dra. Lúcia (ortodontista que o acompanha) e não da Dra. Mariana. Mesmo assim tomou o banho, se arrumou e fomos...

Ao entrar no consultório, eu fiquei na mesa da dentista e ele de costas para mim. Então percebi a mãozinha dele estendida abrindo e fechando (me chamando). A dentista disse para eu me aproximar e a mãozinha não parava de abrir e fechar, então eu a segurei. Automaticamente o corpinho dele relaxou na cadeira.

Foi muito lindo ele se agarrar na minha mão, como se ela “valesse alguma coisa” e compreender que por muito pouco o mundo se torna mais seguro para ele.

O dentinho saiu em segundos e ele ficou todo orgulhoso por ter sido forte e corajoso. De lá fomos ao shopping comemorar com sorvete (quer melhor?!). Foi então que minha mão se tornou dispensável para sua caminhada. Ele andava livre, sem medos e feliz.

A mesma mão que proporcionou segurança foi deixada de lado em troca da liberdade que ele sabe curtir tão bem...

Foi muito legal!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Histórias, histórias e mais histórias...



Capítulo 1

A DECISÃO
Uma pessoa dinâmica, ativa, com uma energia inesgotável, que adiou ter filhos por seis anos, ter que decidir sobre sua vida profissional após os filhos, posso garantir: sofre!

E eu sofri. Todos que conviviam comigo, não compreendiam como uma idéia absurda daquelas, (parar de trabalhar), tinha passado pela minha cabeça. Pensavam que era depressão pós-parto.

Afinal, decidir, em qualquer circunstância, é algo não muito simples. Quando há mais de uma opção e ambas equilibrando o “contraponto” da balança, a coisa fica terrível.
Eu tinha, de um lado, a cobrança do mundo moderno, a minha carreira, as minhas contas a pagar. Do outro lado, eu tinha meu bebê, minha mudança de prioridade e minha cobrança pessoal.

Cheguei a visitar várias escolas de renome para conhecer o período integral, as atividades desenvolvidas, enfim, o que elas poderiam oferecer-ME. Voltava para casa aos prantos. Nada ME servia. Com certeza, serviria ao meu bebê, mas a mim não.
Então veio a dura decisão, minha licença maternidade estava no final e em breve teria que assumir minhas responsabilidades profissionais.

Pedi demissão!

Era uma mistura de emoções, euforia e choro. Tudo ao mesmo tempo. Eu estava feliz, pois teria a oportunidade de ser mãe
full time e estava triste em relação às incertezas, ao futuro.

Depois de uma longa conversa com meu Diretor, conseguimos encontrar um meio de continuar. Trabalhava duas manhãs, três tardes, quatro horas por dia e, o melhor, com o mesmo salário.

Com isso, minha pausa profissional foi adiada por 15 meses, quando engravidei novamente e já não havia mais o que decidir. Eu me sentia tão feliz como mãe que o lado pesado de abandonar a carreira já não existia.

Capítulo 2

O RETORNO
Passei nove anos da minha vida esperando pelo dia em que tudo “voltaria ao normal”. Um normal diferente.

Esperei tanto, que quando apareceu uma oportunidade real, ela não era uma, eram duas e lá estava eu entre a cruz e a espada para fazer a melhor escolha.
Uma série de providências precisava ser tomada.

A busca da empregada perfeita foi fácil, oops, mas o que é perfeição nesse ramo de atividade? Sei lá, a minha era perfeita, pois gostava de crianças. Afinal, aos 36 anos, tinha sete filhos e três netos.

Escolhi o menor salário. Não que esse fosse o critério de escolha, mas é que o menor salário, vinha acompanhado de uma série de benefícios diretos, que não deixaram duvida de que era o melhor para mim: perto de onde eu morava, dava para almoçar em casa todos os dias, levar e buscar as crianças na escola , continuar meus treinos de corrida e, no dia que a empregada perfeita faltasse, eu poderia trabalhar em casa. Portanto, o menor salário era também o mais vantajoso.

Capítulo 3

O CAOS
Preparar cardápio semanal, estabelecer com as crianças os combinados (para outra pessoa administrar), foi a parte fácil e divertida da história. Fazê-los serem cumpridos, foram “outros quinhentos”...

Quando eu estava em casa, tudo funcionava bem: acordavam com meus beijos e minhas broncas (quando faziam hora para sair da cama), eu dizia a hora do banho e com ou sem reclamações, eles obedeciam, o tempo de TV acontecia de acordo com o andamento das atividades realizadas da escola, à noite era lanche, banho e cama.

Minha autoridade e a da empregada perfeita foram testadas por pelo menos duas semanas, até as crianças entenderem quem realmente mandava no barraco.
Meu celular tocou algumas vezes, todas por futilidade.

As primeiras provas da escola foram recebidas com muita enrolação na hora do estudo e, como resultado, experimentamos uma queda das notas.

Enfim, estava tudo muito mal...

Capítulo 4

RESTABELECENDO A PAZ
Li, certa vez, que as crianças precisam de três dias para se adaptarem a algo. É como se fosse o período probatório de cada nova rotina a ser testada (por elas). Os três dias daqui engordaram o calendário e viraram quinze. Mas nada como um dia após o outro.

Muita conversa, algumas restrições, mas finalmente, como diz a música: “tudo está no seu lugar, graças a Deus, graças a Deus...” ou, pelo menos, quase tudo.
Talvez a maior necessidade de adaptação tenha sido a minha. A minha condição de “indispensabilidade” foi substituída pela “sobrevivência” saudável de todos.

Ainda sinto saudades daqueles dias em que eu achava que eles não viveriam sem mim, mas me alegro em ver que EU posso viver algumas horas sem eles.

Aprendizado para todos. Crescimento mútuo.

Cenas do próximo capítulo?

Deixarei por conta do tempo. Mas que tempo? Aquele que me roubou de mim...