sexta-feira, 31 de julho de 2009

Divertindo com os cheiros...


Quem não gosta de um cheiro bom? Nunca estudei sobre o assunto, mas os cheiros, ao menos para mim, exercem uma atratividade muito interessante. Seja o cheiro que for: de flor, de comida, de perfume, de limpeza, enfim, cheiros bons não faltam.

O cheiro seduz. E como! Seduz o estômago, o coração e outras coisas mais... E não há nada melhor que usá-lo intencionalmente, brincar com o apetite alheio, reviver boas lembranças e criar lembranças futuras. Deixar um rastro de imaginação.

Mesmo alérgica, sempre gostei de suaves perfumes. Mas na gravidez, este prazer virou aversão. Qualquer cheiro bom se tornou insuportável. Não se tratava de enjoo, mas eu me sentia como um cachorro de caça que sente de longe o cheiro da presa, e no meu caso, eu não queria atacar a vítima perfumada, eu queria era distância dela.

A gravidez passou, o bebê nasceu e nada de perfumes! Não sabia como me livrar daquele faro de cachorro que tanto me perseguia. Descobri os cremes, ou melhor, a tolerância pelo cheiro dos mesmos. Foi uma boa saída. Ganhei um bem gostoso de uma amiga, porém maldosamente importado, não encontrava aqui para comprar. Entrei em desespero ao observar que seu volume só diminuía a cada dia. Encomendei a um amigo viajado que trouxesse outro i.g.u.a.l.z.i.n.h.o. Ele trouxe, errado, porém infinitamente mais gostoso que o outro. E assim, fui descobrindo novos cheiros, me divertindo com as experiências de agradar-me em primeiro lugar.

Enquanto escrevia lembrava do cheiro de maçã com canela de Gramado, chocolate quente de Lavras Novas, o perfume da pessoa amada, bacon na panela, álcool de lavanda, bebê limpinho, sabonete de ervas. Tem alguns cheiros, quase odores que ao invés de repelir, trazem boas lembranças: maresia com mangue e poluição na chegada do RJ, copo de plástico guardado no armário da minha avó e cuidadosamente banhados com água fervente, a morrinha do travesseiro do filho, o cheiro do cachorro molhado que tive por pouco tempo...

Hoje meu cheiro reflete meu humor, ou meu estado de espírito. Se mais vibrante uso um, se mais introspectiva uso outro (xiii este vai vencer no pote...), se mais apaixonada outro. E isso não é divertido?

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pisando na Bola


Faz algum tempo que escrevi sobre ovos pisados, verdadeiras omeletes na vida das pessoas. Com esses, lido perfeitamente bem e sem culpa.

Mas quero digerir sobre as tão faladas “pisadas na bola”.

Termo trazido do esporte e tão bem apropriado para definir nossos chutes errados pelos campos do dia a dia.

Uma coisa é fato: as palavras, depois que deixam nossa boca, não voltam mais. E tentar remediar o irremediável, torna-se tarefa árdua, requer paciência, perseverança e principalmente, tempo.
Magoar alguém que amamos, deveria ser totalmente evitável, mas infelizmente o fazemos sem perceber. Ferimos gravemente o outro e nos sentimos feridos por causar tamanho estrago.

Torna-se mais fácil obter o perdão do ferido, do que exercitar o autoperdão. Passamos dias relembrando as infelizes palavras ou comentários externados. O gramado está à nossa frente. E a bola amassada não sai do lugar.

O coração fica apertado, culpado e triste. Como se um pedacinho dele tivesse sido arrancado e agora não mais resgatado. Foi embora...

O velho ditado diz que errar é humano... mas quem está preparado para errar com aqueles pelos quais se nutri sentimentos amorosos? Achamos que conhecemos tão bem o outro, que não passa em nossa cabeça que somos capazes de errar, mas vem um deslize, erramos e apenas nos resta tentar consertar. Sem juiz ou torcedor, recolhemos a bola, a levamos ao meio do campo com a intenção de recomeçar um novo jogo com a atenção redobrada, para não estragar tudo novamente...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Curtindo uma Virose


Depois de “derramar-me” inúmeras vezes e descobrir que o que eu tinha, era aquela típica classificação dada pelos médicos que nunca sabem o que temos, passei a mão na minha virose, como quem pega uma bolsa que estava jogada em cima da mesa, e fui pra minha cama outra vez. Achei mais prudente ficar em casa, evitando assim, maiores incidentes.

Com o corpo mole e uma preguiça atípica para meus agitados finais de semana, resolvi não querer tentar ser forte. Até tomei meu banho para me arrumar para ir à igreja, mas o ritual limitou-se ao banho. Vesti uma roupa bem confortável, arrumei as crianças, que seguiram alegres e livres de virose, para encontrar com seus coleguinhas da escola dominical.

Eu fiquei!

Com inúmeras coisas a fazer, optei por não fazer nada! Dei-me de presente a “curtição” da virose. O sol de inverno estava convidativo. Peguei um livro que estou relendo e subi para meu cantinho de leitura. Fiquei deitada na rede com as pernas banhadas pelo sol.

Li, parei de ler, observei o céu azul, balancei na rede, cochilei deliciosamente aquecida. Não resisti e desci as escadas correndo em busca do meu caderninho de rabiscos, para começar a escrever.

Voltei para rede. Vi-me sozinha, porém acompanhada dos adornos que raramente enxergo. Fui brindada pelo vento que fazia ecoar o leve bater dos sinos. Nuvens instigando a imaginação. Minhas vaquinhas e galinhas da angola, que ficam dependuradas no telhado da varanda, pareciam se alegrar com minha calma presença.

Tudo em seu devido lugar. Uma paz que só é possível experimentar quando esquecemos das cobranças do tempo. Hoje ele não me exigia nada. Ele era só meu!

Poderia praguejar tão chata virose, que revira meu estômago e intestinos, mas seria injusta, em não reconhecer seu despretensioso poder “ABS” de me fazer parar de forma segura e curtir este meu cantinho que usufrui tão pouco de mim.

Não preciso de mais viroses para diminuir o meu ritmo. Só preciso ficar atenta para voltar a presentear-me com momentos de individualidade que, muitas vezes, me recuso a aceitá-los, por querer sempre incluir os que amo em tudo que faço.

O soninho preguiçoso está batendo em minha rede outra vez. Desculpem-me, vou render-me a ele novamente... bons sonhos para mim...zzzzzz