
Raiva, por si só, é uma palavra pesada. Saber que alguém ficou com raiva da gente ou, sentir raiva de alguém, é carga difícil de se carregar.
Provocar ou sentir mágoa, embora seja mais profundo para sentir, é mais leve ao falar.
A fala é algo muito interessante e as “forças de expressão”, são ainda mais.
Já ouvi várias e disse inúmeras. “Estou morrendo de fome” é uma das mais usadas e para quem me conhece, este é um mal que não me acomete fácil. Raramente sinto fome, o que dirá morrer “dela”.
Mas, ficar “doente de raiva” foi uma experiência um tanto quanto divertida e construtiva. Calma! A raiva foi séria. Na hora tive vontade de dar um chute na canela de quem a provocou. Só que, no dia seguinte à raiva, perdi a voz e foi muito divertido.
A princípio, pensei tratar-se de um quadro alérgico, só que não tinha nenhum precedente para tal. Depois pensei ser uma crise de asma despontando, mas não era nada disso (o pneumologista garantiu que minha capacidade pulmonar estava em excelente estado).
Então pensei: Deus é tão sábio, que me calou! Com todo respeito à inquestionável sabedoria de Deus, descobri o que aconteceu: meu emocional gritou tanto com a raiva que calou o meu corpo.
Afônica. Foi assim que fiquei.
A raiva, agora passada, descobri que nem tão grande assim ela foi. Ficou resolvida no dia seguinte à sua “não explosão”. E eu sou lá de explodir por alguma coisa, ou com alguém? Normalmente escuto, reflito, pondero e resolvo, mas nunca com explosões. Só que, os efeitos dessa raiva específica perdurou por duas semanas.
E foi ótimo! Voltei para mim mesma na busca de uma cura que precisava ser interior. Ninguém pode me abalar nessa proporção.
Eu falo muito. Muito mesmo! Exercitar o silêncio é uma dificuldade, quase tarefa impossível. Mas “doente” como estava, se quisesse voltar a falar, tinha que repousar a voz.
Nada de telefone, nada de celular, nada de orientar as crianças. Falar com o marido, só ao “pé do ouvido”. Uma isenção total. Quase férias da “general” que vive em mim, ditando ordens para que eu tente manter a vida de todos em ordem.
Espero não ficar um dia “louca de raiva”, pois não sei como meu corpo reagiria...