
Falamos tanto sobre o quanto o ser humano é frágil, sobre o quanto somos impotentes, mas sempre baseados no racional, ou no que lemos ou ouvimos.
Enquanto gozamos de boa saúde, tudo isso fica numa esfera distante e inatingível, até que vem um insignificante mosquitinho, criado na casa de quem não deve cuidar nem do próprio umbigo, e te diz: vou te derrubar!
E o pestinha derruba mesmo.
Derruba seu corpo, sua mente e suas emoções. É a verdadeira sensação de "inutilidade" humana. Eu estava com dengue.
Engraçadas são as perguntas: "como você pegou isso"? ou "onde você pegou isso"?
Onde, quando e como já nem me interessavam mais. Para ser sincera, não consegui nem espiritualizar a coisa e pensar no "por que". Eu queria mesmo é que Deus permitisse que eu "sobrevivesse".
Eu tinha que "sobreviver" a uma casa de pernas para o ar, ao dever de casa feito "meia boca", ao almoço no restaurante sem a menor vontade de tirar o carro da garagem (o que dirá fome, que era nula ou inexistente). E-mails pipocavam na caixa de entrada do computador, com assuntos para serem resolvidos, mas ficaram lá... sem solução.
A dor que nasce na ponta dos dedos dos pés e prolonga até os fios de cabelo, já nem era motivo de pedido de sobrevivência.
O que não tem remédio, remediado está (adoro isso). Deixei tudo pra lá. Fui assistindo ao caos passivamente. Vivendo literalmente um dia após o outro. Uma dor após a outra.
E, como num passe de mágica, tudo desaparece. A cabeça volta a ter seu peso normal, o corpo começa a responder aos comandos da mente, o estômago abre a boca e grita com eco: "tô com fome!". E tudo começa a entrar nos eixos.
Os mosquitos continuam a circular , as pessoas continuam a não se importar com a própria segurança e com a segurança alheia (não estou generalizando), mas a vida segue seu caminho. Só me resta torcer para que esse surto passe logo.
Xiii! Já estão falando de H1N1. Será que irão só variar o nome dos nossos temores?
Ei-nos aqui, totalmente impotentes outra vez.
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