
Quando meus filhos eram bem pequenos (embora para mim ainda sejam), eles costumavam se queixar das agressões sofridas pelos coleguinhas.
Apesar da grande vontade de dizer a eles: “quando te baterem, dê um empurrão nesse (a) garoto(a) para que ele (a) não te bata mais”. Nunca tive coragem de incentivar tal violência, até mesmo, porque o que sabemos é que “violência gera violência”.
Então ficava o duplo sentimento. Queria que eles se defendessem e ao mesmo tempo queria defendê-los (acho que isso é normal em todas as mães, espero!).
Lembrei-me da famosa “distância de segurança”, ou seja, ensinei a eles que, se um coleguinha tentasse bater, era para eles esticarem os bracinhos para frente e explicar que aquela era a distância de segurança, que, se o coleguinha ultrapassasse, a professora seria chamada.
Acho que funcionou bem, pois pararam de voltar mordidos para casa.
E nós, adultos? Quando é que percebemos a necessidade de “esticar os bracinhos e dizer: essa é a distância de segurança”? Do que precisamos tanto para nos proteger?
Protegemo-nos de muitas coisas. Algumas óbvias, outras nem tanto. Sofrimento, perdas, maldades do mundo, amores, injustiças, despedidas, mudanças e até mesmo da felicidade.
Caminhamos até certo ponto, mas da “linha amarela” para frente, tememos ultrapassar. Alguns mais corajosos, cerram os punhos e enfrentam a luta, mas a maioria de nós escolhe o caminho mais curto, que é o de evitar qualquer tipo de dor.
Ensinei isso aos meus filhos que, provavelmente, ensinarão aos seus filhos e assim sucessivamente.
Segurança... uma das palavrinhas que fazem parte do nosso cotidiano e das nossas necessidades básicas. Maslow a descreve muito bem. Mas talvez, nosso instinto de autopreservação possa nos tirar oportunidades de crescimento. Se tenho o hábito de esticar os braços impedindo que o novo se apresente, a grande probabilidade é que eu me feche em meu mundinho seguro e previsível.
Sabemos das nossas limitações, sabemos quando se faz necessário externar as “regras do jogo”, e assim viver um dia após outro, desejando que, em vários aspectos da vida, não seja mais preciso esticar os braços. E, pelo contrário, que possamos abri-los em forma de abraço para acolher nossas lutas, tornando-as mais leves, domáveis, porém sem permitir que cicatrizes sejam espalhadas em nossa existência.
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