sábado, 1 de maio de 2010

Distância de Segurança


Quando meus filhos eram bem pequenos (embora para mim ainda sejam), eles costumavam se queixar das agressões sofridas pelos coleguinhas.

Apesar da grande vontade de dizer a eles: “quando te baterem, dê um empurrão nesse (a) garoto(a) para que ele (a) não te bata mais”. Nunca tive coragem de incentivar tal violência, até mesmo, porque o que sabemos é que “violência gera violência”.

Então ficava o duplo sentimento. Queria que eles se defendessem e ao mesmo tempo queria defendê-los (acho que isso é normal em todas as mães, espero!).

Lembrei-me da famosa “distância de segurança”, ou seja, ensinei a eles que, se um coleguinha tentasse bater, era para eles esticarem os bracinhos para frente e explicar que aquela era a distância de segurança, que, se o coleguinha ultrapassasse, a professora seria chamada.

Acho que funcionou bem, pois pararam de voltar mordidos para casa.
E nós, adultos? Quando é que percebemos a necessidade de “esticar os bracinhos e dizer: essa é a distância de segurança”? Do que precisamos tanto para nos proteger?

Protegemo-nos de muitas coisas. Algumas óbvias, outras nem tanto. Sofrimento, perdas, maldades do mundo, amores, injustiças, despedidas, mudanças e até mesmo da felicidade.
Caminhamos até certo ponto, mas da “linha amarela” para frente, tememos ultrapassar. Alguns mais corajosos, cerram os punhos e enfrentam a luta, mas a maioria de nós escolhe o caminho mais curto, que é o de evitar qualquer tipo de dor.
Ensinei isso aos meus filhos que, provavelmente, ensinarão aos seus filhos e assim sucessivamente.
Segurança... uma das palavrinhas que fazem parte do nosso cotidiano e das nossas necessidades básicas. Maslow a descreve muito bem. Mas talvez, nosso instinto de autopreservação possa nos tirar oportunidades de crescimento. Se tenho o hábito de esticar os braços impedindo que o novo se apresente, a grande probabilidade é que eu me feche em meu mundinho seguro e previsível.
Sabemos das nossas limitações, sabemos quando se faz necessário externar as “regras do jogo”, e assim viver um dia após outro, desejando que, em vários aspectos da vida, não seja mais preciso esticar os braços. E, pelo contrário, que possamos abri-los em forma de abraço para acolher nossas lutas, tornando-as mais leves, domáveis, porém sem permitir que cicatrizes sejam espalhadas em nossa existência.

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