terça-feira, 16 de junho de 2009

Abrindo o coração...

Como vivo um momento de intensa paixão e reflexão sobre todas as coisas que estão acontecendo em minha vida, penso que a passagem do Dia dos Namorados me fez pensar um pouco mais atentamente sobre o amor. Principalmente porque neste ano foi um dia comemorado de forma bem diferente, pois foi regado a luz de velas, um jantar nada convencional com bastante peixe cru, um casal de namorados e... duas crianças! Divertidíssimo.

Que atire a primeira pedra quem nunca se apaixonou, gostou, ou, apenas flertou inúmeras vezes na vida. Quem já não teve muitas certezas e dúvidas também (normalmente as últimas se sobressaem).

Meu "currículo" amoroso é bem sucinto e predominantemente recoberto por defesas “inconscientes” no sentido de ter vários, porém curtos envolvimentos, evitando a provável prisão ou posse.

Meu primeiro “namorado” foi aos oito anos de idade e ele era do meu tamanho (vale observar que sempre fui a menor da sala e encontrar alguém que me olhava “de igual para igual” era mesmo apaixonante). Este namoro durou o tempo que ele permaneceu na escola, nem me lembro mais, e a única coisa que tínhamos como namorados era o “título”.

Aos onze anos a paixão arrebatadora era novamente por um coleguinha de sala, também pequenino, como eu, porém muito compenetrado, certinho e pouco criança. Isso me incomodava bastante e eu dava muitos “tumés” em prol de um bom banho de piscina na casa de uma amiga que morava em frente a escola. O namoro era muito inocente e não passava de jogos de ping-pong no recreio, divisão do lanche e andar de mãos dadas. Eu queria mesmo era estar com minhas amigas e brincar (naquele tempo, ter onze anos ainda era ser uma criança).

O tempo foi passando e um namorico aqui outro ali sem nenhum compromisso, sem contar para a mãe e muito menos levar em casa. Meu pai era uma FEEERA e eu jamais me arriscaria a passar vergonha com sua cara de “poucos amigos”. Definitivamente não queria ninguém na minha cola, me controlando (já tinha um pai controlador demais para aceitar outro “sujeito” mandando em mim) e meus namoros se resumiam a três ou quatro meses no máximo! Sabia que uma hora teria que sossegar e começar a captura por um príncipe encantado (qual menina não sonhou com um?). Aos vinte, levar uma vida de maluquinha (embora, sempre muito ajuizada) começava a já não ser tão interessante assim. Minhas amigas “namoravam sério” e eu sobrava como aquele terrível jiló reapresentado no jantar. Perambulei com meu coração por muitos lugares e cidades, até que encontrei um experiente pescador, que atirou a isca e fisgou o peixe... Lá estava eu enroscada nas redes do amor. Logo eu... No início parecia uma “canoa furada”, mas com o tempo, percebi que estava em uma rara e luxuosa embarcação, um verdadeiro porto seguro.

Ele era (é) tudo que eu sempre quis (cada um que faça sua lista de requisitos, mas a minha era bem prática e compreendia uma busca por algo como dedicação, fidelidade, companherismo, amor sincero, enfim, um príncipe não tão fácil de se encontrar no século XX que oferece homens imediatistas, inseguros e egoístas). Apesar de sonhadora, meus pés sempre foram fincadíssimos no chão da realidade. Mas eu sabia que ele era “a vida que eu queria bordada na minha”.

Ficar com alguém com o qual irá se propor não somente a viver as delícias de estar ao lado da pessoa amada, mas também ser capaz de encarar um pote de sal para comerem juntos é uma decisão, uma escolha. Tudo bem que tenho só dezessete anos de caminhada, mas atravessar rios mansos ou mares agitados nos faz sempre aprender algo. Embora saiba que tenho muito a aprender. Aprendi que o amor é mesmo uma plantinha e precisa ser cuidada. Precisa da luz do outro, mas precisa do ar da preservação da individualidade, precisa da água da renovação e um solo rico em nutrientes de respeito, segurança e amizade. É esfomeado, precisa ser alimentado diariamente, caso contrário, morre por inanição. E ser eterno enquanto dura é uma decisão individual e ao mesmo tempo conjunta. E eu prefiro acreditar que irá durar para sempre, mesmo tendo consciência que “sempre não é todo dia”. Hoje amo-te demais, mas amanhã posso estar menos tolerante e depois de amanhã te amar loucamente outra vez. Queria que fosse incondicional, mas o fato de sermos de carne e osso nos impede de vivê-lo dessa forma (acho que só nossos filhos experimentam esta nossa forma de amar). É divertido, e se assim o direcionarmos, é realmente fantástico! Romântico? Depende dos momentos que nos propomos a criar para colori-lo (mesmo que o jantar a luz de velas venha acompanhado por duas crianças, que de certa forma, poderão aprender o quanto é importante manter vivo tudo que há de bom entre duas pessoas que se amam).

Declaração ou não, sei quem escolhi e sei o que escolhi, escolhi “te amar por toda minha vida”...

4 comentários:

  1. Que delícia de declaração... Seus textos estão realmente deliciosos de se ler.

    Esses dias estávamos discutindo aqui em casa qual o "valor" ou a utilidade de filosofar... Está aí, não é? De dar significância e definição ao nosso dia a dia... De extrapolar do que é seu e tocar no outro, inspirar o outro, encantar o outro...

    Realmente delicioso!

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  2. enquanto lia...tive a doce alegria de ouvir a musica do coração.Um ASSOMBRO!!!
    Concordo com a Amarilis, vc consegue encantar e inspirar muita gente.
    Beijão
    PoPó

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  3. Que lindo!!!Eh mesmo uma declaracao de amor e das melhores, sem exageros mas sincera e verdadeira. Uma vez mais voce nos delicia com um texto que toca nossos coracoes e nos faz sentir que queremos mais e mais ...
    Outro beijo da Tia torta

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  4. Ouvindo a declaração do Marco Tulio no churrasco, e agora lendo a sua, fica fácil entender a relação de vocês... É amor cuidado, amor profundo, amor raro... é lindo demais..
    E que ele seja eterno sim..enquanto durar a disposição de vocês ( e pelo jeito é pra sempre)
    bjim da Rê

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