
“Cada doido com sua mania” e como boa maluca que sou, tenho, entre várias manias, a de fazer planos. Claro que tento usufruir bem deles enquanto estou viva. Afinal, defunto não tem voz.
Faço planos e planos. Dos mais simples aos mais elaborados. E como todo ser que planeja, frustra também.
Faço planos e planos. Dos mais simples aos mais elaborados. E como todo ser que planeja, frustra também.
Quando percebi, trabalhava com várias alternativas, para os planos mais elaborados. A idéia era minimizar a frustração.
Para cada “Plano A”, existia um “Pano B” e quando me dei conta, já tinha pensado no “Plano C, D, E...” Fiquei preocupada comigo mesma.
Amo surpresas, sair da rotina e, de repente, estava afogada em um alfabeto de planos.
Assustador foi encontrar outros pseudo-estrategistas como eu. Outro dia, conversava com um corredor que tinha se programado para fazer uma prova de 10km em 48 minutos (até então seu tempo era de 50 minutos para este percurso). Seu primeiro plano era conseguir ultrapassar as pessoas na largada (tarefa árdua, quando se corre com cinco ou seis mil pessoas) e fazer o primeiro quilômetro em “x” minutos. Se não conseguisse cumprir essa meta, nessa primeiríssima etapa da prova, ele iria recuperar seu tempo, correndo o segundo quilômetro na velocidade “ y” e assim ele foi me contando todo o elaborado plano. Fiquei tão cansada que quase desisti de correr naquele dia. Porém, minha “ficha caiu”. Esse sujeito foi se divertir (corredores amadores, correm por prazer), completamente armado de planos.
Dei um basta. Nada extremo, afinal, quem tem uma natureza voltada à organização, não sobrevive sem ao menos um planinho A ou B. Mas me dei conta de que esse negócio vira uma prisão. Sufoca qualquer ser.
Senti dó dos meus filhos, meu marido que estão sempre esperando pelo que planejei para o dia. E eles ficam tranquilos, porque se o planejado não der certo, sabem que tenho sempre alguns planos escondidos debaixo da manga.
Nesses últimos dias, nessa nova experiência, estou conseguindo sobreviver muito bem sem meu alfabeto. A forma figurativa para descrever a sensação seria alguém me vendo passar pela rua com os pés flutuando sobre o asfalto.
Agora, se a viagem de férias é para algum lugar que ainda não conheço, escolho o hotel pela aparência e não pela sua localização estratégica (convenhamos, estratégica para quê?). Se houver transferência de cidade no trabalho, deixo para conhecer a nova moradia pessoalmente. Nada de me antecipar na net. Se o final de semana está sem compromissos sociais, fico de bobeira até que surja alguma boa idéia (isso inclui a idéia de não sair de casa). Se passear no zoológico ficou impossível em função da chuva, uma locadora de filmes pode ser uma opção de parada na volta para casa. E assim caminha uma humanidade sem planos.
Não faço aqui, nenhuma apologia ao “deixe o mundo acabar em barrancos para eu morrer encostada”. Todo extremo é prejudicial. Quem não planeja é porque não sonha e, para mim, quem não sonha, não vive.
Vamos encontrar o ponto de equilíbrio da balança. Nem tanto um alfabeto, nem tanto o analfabetismo. Apenas sem preciosismos. Curtição leve e feliz!
Amiga, vc está cada dia escrevendo melhor!!!!
ResponderExcluirExcelente reflexão!!!
Bjos, Lu
É vc experimentando a vida. Tbm gostei disso. Tô indo para Bento Gonçalves e me peguei justamente fazendo uso fo seu alfabeto...rsrsrs
ResponderExcluirMas vou deixar a vida e os instintos me levarem.
Amei!Parabéns!
PoPó